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Mostrando postagens de agosto, 2013

A evolução de Paul Krugman

Por Paul Krugman Num artigo publicado no New York Times, Krugman assinala o declínio dos dogmas económicos que dominaram o pensamento económico hegemónico nos últimos anos e que foram responsáveis pela enorme crise que estamos a viver. Paul Krugman, um dos economistas mais conhecidos da tradição keynesiana, acaba de escrever um artígo na sua coluna do New York Times (08.08.13), “Phony Fear Factor” (1), que considero de grande interesse e que devería ser distribuído amplamente. Assinala, com razão, que estamos a assistir, durante estes meses, ao declínio e queda de dogmas económicos que dominaram o pensamento económico hegemónico nos últimos anos e que foram responsáveis pela enorme crise que estamos a viver. Estes dogmas, segundo Krugman, incluem a crença de que “a política monetária expansiva criará inflação”, de que “a redução do défice público criará emprego” ou que “a dívida pública acima de 90% do PIB criará um colapso”. Eu acrescentaria outros como que “o elevado desempr

O Brasil está em condições de restabelecer uma macroeconomia da reindustrialização, a partir do pré-sal

Por Luiz Gonzaga Belluzzo Vista geral do navio-plataforma Cidade de Angra dos Reis, primeiro sistema definitivo de produção instalado na área do campo Lula (ex-Tupi), para exploração da camada pré-sal da Bacia de Santos. Desde meados dos anos 80 do século XX, a estrutura e a dinâmica da produção e do comércio globais foram transformadas pela concomitância entre os movimentos da grande empresa dos países centrais e as políticas nacionais dos emergentes, particularmente as da China. O Brasil, protagonista das décadas anteriores, ficou fora do jogo, golpeado pela crise da dívida externa dos anos 80, depois paralisado pela política cambial e de abertura sem estratégia na posteridade da estabilização dos anos 90. Entorpecido pelas trapaças ideológicas dos economistas comprometidos com a finança, o País não conseguiu acompanhar a reconfiguração espacial e tecnológica dos núcleos manufatureiros globais. O leitor de CartaCapital, imagino, está incomodado com minhas insistências. Mas não

Porque as lições de Hannah Arendt também valem para o Brasil

Por Mino Carta Certo dia alguém perguntou a Hannah Arendt, a pensadora judia, se gostava do seu povo. “Não – respondeu –, gosto é dos meus amigos judeus.” Tratava-se de uma cidadã muito corajosa, pela ousadia de conduzir sua inteligência pelos caminhos da independência. O pensamento de Hannah Arendt sempre me atraiu e foi dela que furtei a expressão “verdade factual”, cuja busca é fundamento do jornalismo. Nem bom, nem mau, jornalismo, e ponto. Digo, aquele que a mídia nativa não costuma praticar. Entra em cartaz um filme de Margarethe von Trotta, a cineasta alemã, intitulado Hannah Arendt. E lá vou eu, devidamente imantado. Conta um largo e decisivo episódio da vida da escritora. O serviço secreto israelense invade a Argentina e sequestra o criminoso nazista Adolf Eichmann, que para lá fugiu logo após a guerra. Hannah é convidada pela New Yorker a acompanhar o julgamento do criminoso, que Israel instaura em Jerusalém, e a escrever a respeito. Penas iluminadas saíram-se bem e

Os últimos escritos de Lenin

Da Caros Amigos A Editora Sundermann acaba de lançar Últimos escritos e Diário das secretárias, uma coletânea de cartas e artigos redigidos por Lenin entre setembro de 1921 e março de 1922, ou seja, nos seus 18 últimos meses de atividade política. A temática mais geral da coletânea, presente em praticamente todos os materiais reunidos, é a luta de Lenin contra a burocratização do Estado soviético e do Partido Bolchevique. Mesmo com sua saúde extremamente abalada devido a dois derrames cerebrais, Lenin declara uma verdadeira guerra, não apenas teórica, mas contra todas as expressões práticas da burocratização: os privilégios dos dirigentes, a opressão nacional, o rebaixamento do nível político e teórico do partido e outras. O mito stalinista e liberal Entre os textos publicados, está a “Carta ao congresso”, conhecida também como “Testamento político de Lenin”. Nela, o fundador da URSS faz uma dura avaliação sobre Stalin e seu papel no aparato do partido. Mais do que uma simples

Publicidade e as aulas de ética

Por Cynara Menezes Em viagem de férias pelo Nordeste, vi este cartaz em tudo quanto é biboca de beira de estrada em Pernambuco e Alagoas. Me senti profundamente indignada, não só porque é o milionésimo anúncio de cerveja que usa a mulher como chamariz para vender álcool. Trata-se de uma propaganda imoral pelas seguintes razões: 1. O trocadilho utilizado a título de “humor” vulgariza a primeira vez sexual de alguém, ao associá-la ao consumo de álcool. Transar pela primeira vez é um acontecimento inesquecível, único, e me parece triste e repulsivo que seja utilizado para vender cerveja. 2. Se você não pensar em sexo, só em cerveja, o anúncio continua a ser imoral por escancarar o apelo da indústria de bebidas para que o jovem se inicie no álcool cada vez mais cedo. Só isso já seria o suficiente para proibir o anúncio, mas infelizmente, em nosso país, a publicidade de bebidas é permitida em todas as mídias. 3. Subliminarmente, é um anúncio degradante da condição feminina, porque

Marta Harnecker fala sobre Chávez

Nessa entrevista, publicada inicialmente em Folha de S. Paulo , a marxista chilena Marta Harnecker fala sobre os desafios da conjuntura na Venezuela e o legado de Chávez. Confira. Folha - Qual é o legado de Chávez? Marta Harnecker - O legado de Chávez tem uma dimensão mundial. Quando ele trinfou nas eleições presidenciais de 1998, o modelo capitalismo neoliberal estava fazendo água. Nesse momento, ele se viu perante o dilema de refundar o modelo capitalista neoliberal --certamente com mudanças, entre elas uma maior preocupação pelo social, mas movido pela mesma lógica de busca do lucro--, ou avançar na construção de outro modelo. Considero que seu principal legado é ter optado por esta segunda alternativa: construir uma sociedade não capitalista, mas fazer isso com as pessoas. Apesar da carga negativa que tinha a palavra socialismo, ele decidiu recuperá-la para designar a nova sociedade que queria construir. Mas esclarecendo de imediato que não se tratava de socialismo soviético

Entrevista com Jorge Dimitrov, durante o 7º Congresso da Internacional Comunista conclama a unidade popular contra o fascismo.

Por  Augusto Buonicore  * Um texto bem atual. Não podemos baixar a guarda para o fascismo, que mostrou suas garras nas recentes manifestações no Brasil: O Plínio Salgado, infelizmente não é "coisa" do passado. A democracia deve ser defendida e aprofundada. Como disseram é preciso democratizar a democracia. O ambiente do lado de fora daquele imenso salão, onde acabava de se reunir a plenária final do 7º Congresso da Internacional Comunista, estava bastante agitado e tomado por um esfuziante otimismo - como se a esperança tivesse vencido o medo. Os delegados de vários países se despediam e se desejavam boa sorte. Mas, infelizmente, muitos deles não poderiam deixar o solo soviético porque seus países eram como pátrias ocupadas por um exército invasor. Lá o fascismo havia chegado ao poder e esmagado todo e qualquer vestígio de liberdade democrática. Entre aqueles rostos variados, representando quase todos os povos da terra, também era possível notar a ausência de vários

Cientistas criam meio de remover 99% de óleo da água

Do Jornal GGN Uma equipe de pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências, em Pequim, desenvolveu uma nova forma de remover qualquer tipo óleo da água, com uma taxa de eficácia que chega a 99% e que pode ser um alento a desastres ambientais de grande escala, como vazamento de petróleo em mares e oceanos. Em seu artigo publicado na revista Nature Communications, a equipe de cientistas afirma que a tecnologia, batizada de “pele de cactos”, é inspirada na forma pelo qual essas plantas conseguem extrair água do ar em regiões muito áridas. Graças à evolução, os cactos obtêm água do ar por meio de espinhos espalhados ao longo de sua superfície. Essas formações pontiagudas permitem que o líquido se condense, ao mesmo tempo que as gotículas formadas são forçadas a escorrer para a base dos espinhos. Esse fenômeno é explicado pela própria tensão superficial da água. Uma vez escorridas para a base dos espinhos, as gotículas são absorvidas pelos poros da planta. Por meio dessa mesma lógica,

Quando se premia aos que geram fome

Por Esther Vivas Vivemos em um mundo ao contrário, no qual se premia as multinacionais da agricultura transgênica enquanto acabam com a agricultura e a agrodiversidade. O Prêmio Mundial da Alimentação 2013, o que alguns chamam de Nobel da Agricultura, foi concedido este ano para os representantes da indústria transgênica: Robert Fraley, da Monsanto e Mary-Dell Chilton, da Syngenta. O terceiro premiado foi Marc Van Montagu, da Universidade de Gante (Bélgica). Todos eles distinguidos por suas investigações a favor de uma agricultura biotecnológica. Transgênicos E me pergunto: Como pode ser que se conceda um prêmio que, teoricamente, reconhece “as pessoas que têm feito avançar (…) a qualidade, a quantidade e o acesso aos alimentos” aos que promovem um modelo agrícola que gera fome, pobreza e desigualdade. Os mesmos argumentos, imagino, que levam a conceder o Prêmio Nobel da Paz aos que fomentam a guerra. Como diz o escrito Eduardo Galeano, em seu livro “Patas arriba” (1998), “se

Simplicidade por opção: viver apenas com o essencial é uma filosofia de vida

Conheça homens e mulheres que optaram por uma vida mais simples Na contramão da sociedade contemporânea, homens e mulheres optam por uma vida mais simples. Eles garantem que são mais felizes. Conheça as histórias Você pode ter passado a vida inteira, ou parte dela, ouvindo a expressão: tempo é dinheiro. Conhecido de perto um universo em que ter do “bom e do melhor” é sinônimo de uma vida sossegada. Também deve ter escutado, e acreditado, que comprar roupas, sapatos e supérfluos alivia o estresse, principalmente, das mulheres durante a tensão pré-menstrual (TPM). Que shopping é e será um dos melhores lazeres desta vida moderna. Agora, suponha que tudo isso virasse de cabeça para baixo. Em nome da simplicidade do ser, homens e mulheres, de idades diferentes, chacoalharam esses velhos conceitos cada vez mais impostos à sociedade e optaram, sem culpa e com leveza, por uma vida simples. Acreditam que precisam de pouco para se satisfazer e asseguram que o lucro com tudo isso não se vend