Por Altamiro Borges
Cenas deploráveis foram
presenciadas nas manifestações desta quinta-feira (20). Pegando carona nos atos
para festejar a redução das tarifas do transporte público em várias cidades,
milícias fascistas e grupos de provocadores saíram às ruas para rasgar
bandeiras de partidos e agredir militantes de esquerda.
Aproveitando-se de um
sentimento difuso contra a política, estimulado diariamente pela mídia
oligopolizada e golpista, estas hordas espalharam o pânico. As forças
democráticas da sociedade precisam rapidamente rechaçar estes atentados, que
colocam em risco a democracia brasileira. É preciso alertar os mais inocentes
para eles não se tornem massa de manobra dos grupos fascistas.
Na Avenida Paulista,
centro de São Paulo, uma minoria de vândalos atacou militantes do PT, PCdoB e
MST. Aos berros, pessoas mascaradas gritavam “ditadura, já” e dirigiam ataques
raivosos contra a presidenta Dilma Rousseff, eleita pela maioria do povo
brasileiro. No Rio de Janeiro, sindicalistas da CUT foram cercados e agredidos
e tiveram suas bandeiras arrancadas. Militantes do PSTU e do PSOL também têm
sido alvo de provocações. O grito de guerra entoado por estes setores
intolerantes é “sem partido” – numa negação à luta política e democrática, que
traz à memória as péssimas lembranças da ascensão do nazifascismo na Europa e
dos golpes militares na América Latina.
Até setores que
apostaram na radicalização, sonhando com “a revolução na próxima esquina”,
estão assustados. Como escreveu Valério Arcary, respeitado dirigente do PSTU,
os ataques são “covardes” e partem de pessoas “mascaradas, alimentando a ilusão
de que a intimidação física é o bastante para vencer na luta política... O
antipartidarismo, mais grave quando se dirige contra a esquerda socialista, é
uma ideologia reacionária e tem nome: chama-se anticomunismo. Foi ela que envenenou
o Brasil para justificar o golpe de 1964 e vinte anos de ditadura. Não deixem
baixar as bandeiras vermelhas. Foram os melhores filhos do povo que derramaram
seu sangue pela defesa delas”.
A presença destas hordas
fascistas já tinha se manifestado antes desta quinta-feira. Como registrou José
Francisco Neto, do jornal Brasil de Fato, “na segunda e na terça-feira, a
reportagem constatou sensível diferença nos atos comparando-os com a semana
anterior. Os gritos não eram os mesmos puxados pelos movimentos sociais. As
bandeiras de partidos não foram mais estiadas. Muitas, inclusive, foram
impedidas de serem levantadas por um grupo de pessoas que pediam ‘Sem
partido’... Na segunda-feira, militantes da Juventude do PT quase foram
agredidos por tentarem erguer a bandeira do partido. Já pessoas ligadas ao PSTU
não conseguiram recuar e foram agredidas”.
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