Pular para o conteúdo principal

Movimentos intensificam luta para barrar leilão do campo de Libra

Por Brasil de Fato
Campanha “O petróleo tem que ser nosso” retomará mobilizações em todo o país, com uma grande manifestação no dia 17 de julho.
 A Federação Única dos Petroleiros (FUP), em conjunto com os movimentos sociais, decidiu pela retomada da luta em defesa do PLS 531/2009, que restabelece o monopólio estatal do petróleo e gás, através da Petrobras 100% estatal e pública. O projeto está em tramitação no Senado Federal, onde deu entrada através da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa e encontra-se desde 2011 na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, aguardando designação do relator.
Os petroleiros também aprovaram a reativação dos comitês regionais da campanha "O petróleo tem que ser nosso", juntamente com os movimentos sociais, para aprofundar e ampliar os debates sobre a importância estratégica do setor para o desenvolvimento do Brasil. Uma grande mobilização no dia 17 de julho marcará a retomada da campanha nos estados.
Segundo a FUP, "as petrolíferas privadas estão em polvorosa". "Depois de arrematarem blocos valiosos de petróleo e gás na 11ª Rodada - onde a Petrobrás teve participação pífia, garantindo-se como operadora em apenas três blocos no mar e nove em terra - agora preparam-se para abocanharem um dos mais valiosas reservatórios do pré-sal: o campo de Libra", afirma em nota.  A estimativa é de que o mega campo, localizado na Bacia de Santos, no Rio de Janeiro, contenha até 15 bilhões de barris de óleo de qualidade. "Ou seja, reservas equivalentes a tudo o que a Petrobras já descobriu de petróleo no país nesses 60 anos de existência", ressalta a FUP.
O leilão, marcado para o dia 22 de outubro, será o primeiro sob o regime de partilha de produção, mas a Lei 12.351/2010 permite que a União celebre o contrato de exploração do campo de Libra diretamente com a Petrobras, sem colocá-lo em licitação.
A FUP e os movimentos sociais exigem que Libra fique integralmente sob controle da Petrobras e não apenas 30% dele, como quer a ANP.
Na audiência pública realizada pela ANP, no último dia 11, para discutir as regras do leilão, o diretor da FUP e conselheiro eleito pelos trabalhadores para o CA da Petrobrás, José Maria Rangel, condenou veementemente a realização do leilão e reiterou que os petroleiros e os movimentos sociais irão para as ruas impedir esse crime de lesa pátria.
Mobilização
Em plenária, os petroleiros aprovaram um amplo calendário de lutas contra os leilões de petróleo e em defesa da Petrobras, com mobilizações entre os dias 15 de julho e 05 de setembro, bem como ações políticas para evitar retrocessos que reduzam a participação do Estado no controle das reservas brasileiras de petróleo.
Na agenda de luta dos petroleiros está também o enfrentamento contra a realização da 12º Rodada de Licitações anunciada pela ANP para novembro, que terá como foco as áreas produtoras de gás, inclusive o xisto. O Ministério de Minas e Energia planeja leiloar áreas das Bacias do Acre, Pará, Paraná, Parnaíba, Sergipe-Alagoas, Recôncavo Baiano e do São Francisco.
Outra deliberação importante da plenária da FUP foi a intensificação da luta pela manutenção dos investimentos da Petrobras nos campos terrestres. No manifesto "Carta de Caruaru", aprovado por unanimidade pela plenária, os petroleiros denunciam a redução dos investimentos da Petrobras no chamados "campos maduros" e cobram a manutenção da estatal como operadora desses blocos. O documento também relata os impactos gerados pelos cortes dos investimentos da Petrobras no norte, nordeste e Espírito Santo, o que tem causado demissões, precarização das condições de trabalho e segurança e o esvaziamento econômico das cidades da região que dependem dos campos terrestres. (com informações da FUP)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O mundo como fábula, como perversidade e como possibilidade: Introdução geral do livro "Por uma outra globalização" de Milton Santos

Por Milton Santos Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido. Haveria nisto um paradoxo pedindo uma explicação? De um lado, é abusivamente mencionado o extraordinário progresso das ciências e das técnicas, das quais um dos frutos são os novos materiais artificiais que autorizam a precisão e a intencionalidade. De outro lado, há, também, referência obrigatória à aceleração contemporânea e todas as vertigens que cria, a começar pela própria velocidade. Todos esses, porém, são dados de um mun­do físico fabricado pelo homem, cuja utilização, aliás, permite que o mundo se torne esse mundo confuso e confusamente percebido. Explicações mecanicistas são, todavia, insuficientes. É a maneira como, sobre essa base material, se produz a história humana que é a verdadeira responsável pela criação da torre de babel em que vive a nossa era globalizada. Quando tudo permite imaginar que se tornou possível a criação de um mundo veraz, o que é imposto aos espíritos é um mundo de fabulações, q...

Preços de combustíveis: apenas uma pequena peça da destruição setorial

Por José Sérgio Gabrielli Será que o presidente Bolsonaro resolveu dar uma reviravolta na sua política privatista e voltada para o mercado, intervindo na direção da Petrobras, demitindo seu presidente, muito ligado ao Ministro Guedes e defensor de uma política de mercado para privatização acelerada e preços internacionais instantâneos na companhia? Ninguém sabe, mas que a demissão do Castello Branco não é uma coisa trivial, com certeza não é. A ação de Bolsonaro, na prática, questiona alguns princípios fundamentais da ideologia ultraneoliberal que vinha seguindo, como o respeito à governança das empresas com ações negociadas nas bolsas, a primazia do privado sobre o estatal e o abandono de intervenções governamentais em assuntos diretamente produtivos. Tirar o presidente da Petrobras, por discordar da política de preços, ameaça o programa de privatizações, pois afasta potenciais compradores de refinarias e tem um enorme efeito sobre o comportamento especulativo com as ações da Petrob...

Brasil perde um dos seus mais importantes cientistas sociais

Por Ricardo Cavalcanti-Schiel Faleceu por volta das 21:30 do dia 26 de março de 213, vítima de um acidente de trânsito no Km 92 da Rodovia Bandeirantes, o diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, Prof. Dr. John Manuel Monteiro, quando regressava da universidade para sua residência em São Paulo. Historiador e antropólogo, John Monteiro foi um pioneiro na construção do campo temático da história indígena no Brasil, não apenas produzindo uma obra analítica densa e relevante, como também criando e estimulando a abertura de espaços institucionais e de interlocução acadêmica sobre o tema. Não seria exagerado dizer que foi em larga medida por conta do seu esforço dedicado que esse campo de estudos foi um dos que mais cresceu no âmbitos das ciências humanas no país desde a publicação do seu já clássico “Negros da Terra: Índios e Bandeirantes nas Origens de São Paulo” (1994) até o momento. Tendo tido toda sua formação acadêmica nos Estados Unidos (graduado pelo Col...