Da Redação GGN
Para suprir a falta de
médicos em regiões carentes de atendimento, o Governo Federal estabeleceu uma
parceria com o governo cubano e pretende trazer seis mil profissionais da ilha
para atuar onde faltam médicos. Ainda que afirme que as contratações vão
atender rigorosos critérios de qualidade, o Planalto foi criticado pelo
Conselho Federal de Medicina (CFM), que argumenta que a qualidade do
atendimento vai cair.
Em artigo publicado no
blog de Luis Nassif, o médico Pedro Saraiva, que mora e trabalha em Portugal,
defende a ação do governo. Ele começa esclarecendo o que, em sua opinião, é um
ponto equivocado o defendido na imprensa: a da revalidação automática dos
diplomas dos médicos cubanos – a principal reclamação de médicos brasileiros e
do CFM. O médico que assina o texto afirma que o Ministério da Saúde não vai
trazer médicos “indiscriminadamente” ao Brasil, mas seguir “critérios de qualidade
e responsabilidade profissional”.
Saraiva diz ainda que a
reação do CFM e de parte da sociedade que não aprova a ideia é fruto de
preconceito contra a ilha. “Acho estranho o governo ter falado em atrair
médicos cubanos, portugueses e espanhóis, e a gritaria ser somente em relação
aos médicos cubanos. Será que somente os médicos cubanos precisam revalidar
diploma?”, questiona. E completa: “Do jeito que o discurso está focado nos
médicos de Cuba, parece que o problema real não é bem a revalidação do diploma,
mas sim puro preconceito”.
Ele explica, ainda, que
a contratação de médicos cubanos é uma medida realizada com resultados de
sucesso em Portugal, país que, de acordo com ele, enfrenta os mesmos problema
do Brasil no que diz respeito a convencer profissionais de medicina do próprio
país a trabalhar em regiões mais distantes dos grandes eixos. Após apresentar
números, o médico que assina o texto critica a postura do Conselho Federal,
afirmando que a entidade não costuma ouvir a população carente sobre a questão.
“Até agora não vi nem o CFM nem a imprensa irem lá nas áreas mais carentes do
Brasil perguntar o que a população sem acesso à saúde acha de virem 6000
médicos cubanos para atendê-los. Será que é melhor ficar sem médico do que ter
médicos cubanos?”, pergunta.
Apesar de afirmar
concordar com vários dos argumentos do articulista, o leitor Fernão Bittencourt
não concorda com a contratação dos médicos cubanos. Para ele, as informações
apresentadas sobre Cuba não representam a realidade e seriam, na realidade,
hipocrisia de “patéticos esquerdistas”. Bittencourt questiona ainda o fato do
articulista morar em Portugal, e não no Brasil. “Aliás, o que é mesmo que este
'super-herói' que escreveu esta opinião está fazendo mesmo pelas bandas de
Portugal?! Talvez, porque o mesmo governo que ele defende tenha lhe dado
condições de trabalhar com qualidade aqui, não?!”.
A internauta Nirleia
Santiago legitima a vinda dos médicos cubanos por conta do próprio sistema de
atendimento da ilha, “a melhor saúde do mundo, principalmente em se tratando do
índice de mortalidade infantil que é menor que muitos países desenvolvidos e
dos países em desenvolvimento”, diz ela, que complementa ainda: “muitos
(médicos brasileiros) já tiveram em Cuba para tentar trazer essa prática para o
Brasil e não conseguiram implementar as mesmas em suas áreas por diversas
razões: políticas, culturais, religiosas , corporativismo, incompetência
administrativa em fazer valer as diretrizes do SUS na implementação da saúde
pública comunitária”.
Outro que não concorda é
o leitor Celso Raul. Ele argumenta que por trás da postura do governo cubano e
das “boas intenções” estão transações que resultarão em dinheiro aos Castro,
fruto de “alguma propina para o político brasileiro que esta mediando o negócio”.
Ele justifica tal argumento afirmando que, em algumas situações, os médicos
aproveitaram para fugir da ilha e se fixar nos países onde atuavam, o que teria
levado o governo da ilha a mudar as regras e criar uma cartilha para reger o
comportamento dos profissionais cubanos quando em outros países.
A leitora identificada
como Ida afirma trabalhar no Unicef em Belém (PA) e diz ser testemunha dos
problemas que ocorrem no interior, em especial a falta de profissionais de
medicina para atender a população carente, apesar da existência de salários
altos. “Precisamos de médicos na Amazônia, urgentemente. Seu artigo bateu nos
pontos que acho centrais. E mais, fico pensando porque os estudantes que fazem
os cursos de medicina - cursos caros - em universidades federais, não estão
devolvendo este investimento de alguma maneira ao público mais carente? Tem que
haver uma moeda de troca”, argumenta.
Comentários
Postar um comentário