Por Camila Maciel, da Agência Brasil
Unesp desenvolve sistema
para geração de energia a partir de resíduos de frango.
São Paulo - Resíduos de
frango que seriam descartados por granjas podem ser utilizados para gerar
energia elétrica por meio da produção de biogás. Um equipamento desenvolvido na
Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Jaboticabal, separa os
dejetos em partes líquidas e sólidas, melhorando o desempenho dos
biodigestores.
"A proposta é
transformar a criação de animais em sistemas sustentáveis de produção",
declarou o pesquisador Airon Magno Aires, que desenvolveu o equipamento durante
sua tese de doutorado em zootecnia na Unesp. Segundo Aires, o produtor de
frangos de corte necessita, em média, de 26,5 quilowatt-hora de potência por
cada galpão avícola. Com esse invento, um galpão de frangos de corte pode gerar
65.250 metros cúbicos de biogás, os quais podem ser convertidos em 110,1
megawatts de energia.
As avícolas também
costumam utilizar lenha para aquecer os galpões durante os primeiros 15 dias de
vida das aves. "Com a substituição da energia da lenha pela do biogás, a
redução de gases de efeito estufa pode chegar a 8 toneladas de gás carbônico
equivalente ao ano por galpão", destacou.
A geração de biogás
ocorre pela utilização de micro-organismos para degradação da matéria orgânica
contida nos resíduos. Esse processo gera um composto de gases que pode ser
convertido em energia. De acordo com o pesquisador, a novidade desse trabalho é
que, antes de colocar os dejetos no biodigestor, é feito um pré-processamento,
separando-os em líquido e sólido.
A separação é importante
porque a parte líquida concentra grande volume de nutrientes e essa separação
melhora o desempenho do biodigestor. "[Além disso] o biogás tem a vantagem
de ser um combustível renovável e limpo, quando comparado à energia de
combustíveis fósseis e lenha", destacou.
Aires explica que a
proposta da pesquisa teve origem quando foi identificado que os produtores
tinham dificuldades para utilizar as tecnologias disponíveis para produção de
biogás, principalmente devido à variação das características químicas e físicas
dos compostos. Isso provocava, por exemplo, a diminuição do volume útil do
equipamento e entupimentos na tubulação.
A pesquisa também propõe
que a fração sólida resultante do processamento seja utilizada em um sistema de
compostagem chamada in vessel (envasada) para produção de adubos orgânicos.
"O processo tradicional de compostagem desagrada aos produtores, porque
gera um odor muito forte", relatou Aires. Outro avanço é que o processo
envasado demora cerca de 30 dias, enquanto o tradicional leva entre 120 e 150
dias.
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