Por Robyn Beck , AFP
Movimento na internet já
mobilizou dois milhões de pessoas. Elas acusam a multinacional de usar sementes
transgênicas para obter monopólio da indústria alimentícia.
Em Los Angeles,
ativistas norte-americanos protestam contra a Monsanto e os organismos
geneticamente modificados (GMO, na sigla em inglês)
Uma série de protestos
contra a Monsanto mobiliza manifestantes em várias partes do mundo. As
demonstrações, que começaram no Facebook, ganharam as ruas de 52 países em 436
cidades e mobilizaram até dois milhões de pessoas no último fim de semana. No
Brasil, onde a empresa mantém uma unidade de produção, os protestos não tiveram
muita repercussão.
A "Marcha contra a
Monsanto" já tem novas datas agendadas – a próxima acontece em julho. Os
manifestantes acusam a Monsanto de fazer uso de sementes modificadas para obter
o monopólio da indústria alimentícia e de forçar a dependência dos
agricultores. Para atingir esse objetivo, a empresa teria se infiltrado no
política e na área científica. Ativistas alegam ainda que a produtora global
tenta patentear a vida e coloca em perigo a saúde dos consumidores.
A multinacional contesta
as acusações. "O uso da engenharia genética é segura", alegou Ursula
Lüttmer, da Monsanto Alemanha. Em entrevista à DW, ela afirma que a segurança
da tecnologia já foi comprovada em diversos estudos. E ainda: os manifestantes
se recusam a aceitar esse fato e fazem uma "leitura seletiva" das
informações.
A empresa se defende
dizendo que os investimentos visam à agricultura sustentável, que ajude a
produzir mais, além de proteger os recursos e promover um melhor padrão de
vida. Lüttmer disse ainda que até hoje não foram encontradas quaisquer
desvantagens para os seres humanos, animais e meio ambiente.
Transgênico liberado no
Brasil Nenhum outro grupo prioriza tanto investimentos em alimentos
geneticamente modificados como a Monsanto. A companhia também tem a política de
comprar outras empresas menores e, por isso, fica cada vez maior. Críticos
dizem que se trata de um "quase monopólio". No Brasil, a
multinacional está instalada desde 1963 e produz sementes transgênicas de soja,
milho e algodão.
Na Alemanha, o cultivo
de plantas geneticamente modificadas é proibido até para fins de teste. Em
outras partes da Europa, as sementes da batata transgênica Amflora, da empresa
Basf e o MON 810, um tipo de milho produzido pela Monsanto, são liberadas. As
áreas de cultivo no continente, por outro lado, são pequenas em comparação com
a América do Sul e do Norte.
Briga por lucro faz
empresas dependentes revoltadas Inicialmente, muitos agricultores dos EUA
estavam entusiasmados com o sucesso econômico que a Monsanto prometeu. As
plantas geneticamente modificadas e o herbicida correto seriam as garantias de
lucro fácil para o produtor. No entanto, os agricultores precisam comprar novas
sementes a cada ano. A tentativa de fazer a multiplicação da semente por conta
própria, alega a Monsanto, configura uma violação de patente.
Ao mesmo tempo, aponta a
especialista em transgênico Stephanie Töwe, do Greenpeace, o agricultor precisa
lutar contra o aumento da resistência das sementes. "É por isso que o uso
de agrotóxicos tem aumentado drasticamente nos Estados Unidos nos últimos anos.
Brasil e Argentina também entraram na lista por causa do plantio da soja e do
milho geneticamente modificados", diz Towe. Isso explica o desenvolvimento
de novos transgênicos, capazes de suportar mais pesticidas.
O Greenpeace considera
este ciclo "perverso": "Estas plantas precisam ser testadas em
animais nos laboratórios, como se fossem medicamentos. Existem plantas
suficientes no mundo que podem ser cultivadas sem precisarem de tais
testes." A organização considera sementes geneticamente modificadas
desnecessárias, com riscos potenciais que geralmente não podem ser estimados.
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