Por Jornal Brasil de Fato
FUP e Sindipetro-PR/SC
ingressaram com uma ação civil pública contra a licitação dos blocos de
petróleo, prevista para os dias 14 e 15 de maio.
A Federação Única dos
Petroleiros (FUP) e o Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina
(Sindipetro-PR/SC) ingressaram com uma Ação Civil Pública contra a 11ª Rodada
de Leilões do Petróleo, prevista para os dias 14 e 15 de maio. Serão leiloados 289
blocos, em 11 bacias, no Maranhão, no Ceará, no Espírito Santo e no Amazonas.
A ação denuncia a
inconstitucionalidade dos leilões de "concessão” de petróleo e questiona a
licitação de blocos da Bacia do Espírito Santo, já que nesta região há grandes
possibilidades de existência de reservas do pré-sal, que estão enquadradas no
regime de partilha, através da Lei 12.352/2010, e, portanto, não podem ser
objeto de "concessão". A FUP e o Sindipetro-PR/SC cobram a imediata
retirada destas reservas da 11ª Rodada.
Segundo o assessor
jurídico da FUP, Normando Rodrigues, não existe qualquer previsão
constitucional para o contrato de concessão para exploração e produção de
petróleo e gás natural. “Como a concessão é uma modalidade muito mais nociva ao
interesse público, a autorização à mesma deveria ser explícita”, explica.
Riscos ambientais e sociais
Além disso, organizações
da sociedade civil denunciam o risco de grandes impactos ambientais e sociais
causados pela exploração de petróleo. Em evento realizado no Rio de Janeiro, 20
organizações reivindicaram na quinta-feira (9) a suspensão da 11ª Rodada de
Licitação de petróleo.
As entidades informaram
que os blocos a serem licitados para exploração em terra estão localizado sob
cerca de 50 assentamentos do Instituto de Colonização e Reforma Agrária
(Incra). No mar, estão próximos a áreas de grande diversidade ambiental como
Abrolhos e Lençóis Maranhenses.
De acordo com o
pesquisador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase),
Carlos Bittencourt, que participa do evento, a exploração dos poços afetará
diretamente o modo de vida dos assentados e pode ser refletir em abandono de
investimentos pelo Poder Público.
As organizações também
pedem que a licitação só seja feita depois que o Ministério do Meio Ambiente
apresentar um plano de contingência de grandes desastres durante a extração de
petróleo e depois que o documento for aprovado pelo Congresso Nacional, para
que se torne lei. De acordo com o ministério, o plano de contingência está sob
análise no Ministério de Minas e Energia.
Relações trabalhistas
Outra preocupação das
entidades é com o comprometimento de empresas estrangeiras com as questões
trabalhistas no Brasil. Segundo levantamento do Ibase, das 64 empresas
habilitadas para participar do leilão, 17 são brasileiras. Na avaliação de
Carlos Bittencourt, as multinacionais têm precarizado a relação de trabalho e
colocado em risco a vida de petroleiros.
“Quanto mais o ritmo da
produção de petróleo acelera, mais acidentes, mortes acontecem, e também mais
impactos ambientais”, disse. “O problema adicional é, que, como os blocos têm
sido leiloados para empresas estrangeiras e o nível de terceirização tem sido
maior, os trabalhadores estão submetidos a padrões inferiores ao da Petrobras”,
completou.
Como exemplo,
Bittencourt citou a escala de trabalho. Na a estatal, são 14 dias de trabalho
nas plataformas marítimas e 21 dias de folga no continente. Nas estrangeiras,
são 14 dias na plataforma e uma semana a menos de folga em terra. “Isso tem
implicações de saúde, não é uma jornada comum, é uma situação de prontidão de
12 horas ou 14 horas por dia”.
Participaram também do
evento a Federação Única dos Petroleiros, o Sindicato dos Petroleiros do Norte
Fluminense, além do Greenpeace e do Instituto de Estudos Socioeconômicos
(Inesc). (com Agência Brasil e informações da FUP).
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