Pular para o conteúdo principal

Microsoft se prepara para futuro sem PCs

Por Janet I. Tu
Seis meses depois do lançamento do Windows 8, e pouco depois da divulgação de um relatório trimestral que causou surpresa por sua solidez, os observadores da Microsoft levantam as seguintes questões: será que a companhia é a tartaruga lerda, mas persistente, que vence as lebres do setor – Google e Apple? Ou será que a queda drástica do mercado de computadores, a resposta morna ao Window 8, e a presença ainda ínfima nos tablets e smartphones são sinais de um futuro ameaçador para a empresa?
Os analistas concordam que a Microsoft é uma companhia em transição, que saiu de uma posição de domínio em um mundo centrado no Windows e nos computadores para se tornar uma empresa que oferece serviços e aparelhos.
De fato, enquanto a área de “serviços” está decolando agora, a companhia não vai tão bem na área de aparelhos, com exceção do seu videogame Xbox. O Office 365, o modelo de assinatura para o Office, deverá se tornar uma operação de US$ 1 bilhão até o final de junho.
Embora a curva de crescimento do Windows esteja se achatando, o Office continua forte, e a divisão de servidores da Microsoft, que abrange produtos e serviços para uso corporativo, continua crescendo consistentemente todos os trimestres.
“Muitas pessoas não reconhecem que a Microsoft oferece uma grande diversificação”, disse Al Gillen, analista da empresa de pesquisa IDC. “Ainda que o negócio de clientes Windows pare de crescer novamente – embora não ache que isto vá acontecer –, as outras divisões da companhia têm um bom desempenho e não são prejudicadas pela divisão do Windows.”
Novas plataformas
As operações do Windows continuam sendo uma das divisões da Microsoft que mais geram lucros e talvez seja a mais identificada com a companhia.
Os lucros da divisão, depois de ajustes na área contábil, permaneceram inalterados, segundo o relatório do último trimestre da Microsoft, encerrado em 31 de março.
Para muitos analistas, esse foi um desempenho relativamente bom, considerando a queda de 11% a 14% das vendas de computadores no mesmo trimestre, como mostraram as empresas de pesquisa de mercado Gartner e IDC.
Mas o veterano analista da Microsoft, Ruck Sherlund, com investimentos no banco Nomura, destaca que, depois dos ajustes, os lucros, caíram 20% ano a ano na divisão. “A queda das vendas de computadores ficou clara pela queda dos lucros, porque estava mascarada na receita sob a forma da venda de hardware”, disse Sherlund.
Por hardware, Sherlund refere-se aos tablets da marca Microsoft, os aparelhos Surface Pro e Surface RT, que, apesar da informação de que não venderam tão bem quanto a Microsoft previa, contribuíram para o lucro da companhia. O problema, segundo Sherlund, é a margem de lucro do hardware, menor do que a do software.
A Microsoft não informou o número das unidades de Surface que foram vendidas. Também não atualizou os dados sobre as vendas do Windows 8 desde o começo do ano, quando disse ter vendido 60 milhões de licenças do Windows 8, que começou a ser comercializado em 26 de outubro.
Em seu informe sobre a queda das vendas de PCs, a consultoria IDC atribuiu grande parte da culpa ao Windows 8, afirmando que “as mudanças radicais na interface do usuário, a retirada do botão 'Iniciar' ao qual todos estavam acostumados, e os custos relativos à tela que funciona pelo toque tornaram os PCs uma alternativa menos atraente em comparação aos tablets e outros aparelhos concorrentes”.
Para Sherlund, a empresa deveria levar seus produtos como o Office para o Android e outras plataformas. “É crucial que a Microsoft tire proveito de múltiplas plataformas e não apenas do Windows”, disse.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O mundo como fábula, como perversidade e como possibilidade: Introdução geral do livro "Por uma outra globalização" de Milton Santos

Por Milton Santos Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido. Haveria nisto um paradoxo pedindo uma explicação? De um lado, é abusivamente mencionado o extraordinário progresso das ciências e das técnicas, das quais um dos frutos são os novos materiais artificiais que autorizam a precisão e a intencionalidade. De outro lado, há, também, referência obrigatória à aceleração contemporânea e todas as vertigens que cria, a começar pela própria velocidade. Todos esses, porém, são dados de um mun­do físico fabricado pelo homem, cuja utilização, aliás, permite que o mundo se torne esse mundo confuso e confusamente percebido. Explicações mecanicistas são, todavia, insuficientes. É a maneira como, sobre essa base material, se produz a história humana que é a verdadeira responsável pela criação da torre de babel em que vive a nossa era globalizada. Quando tudo permite imaginar que se tornou possível a criação de um mundo veraz, o que é imposto aos espíritos é um mundo de fabulações, q...

Preços de combustíveis: apenas uma pequena peça da destruição setorial

Por José Sérgio Gabrielli Será que o presidente Bolsonaro resolveu dar uma reviravolta na sua política privatista e voltada para o mercado, intervindo na direção da Petrobras, demitindo seu presidente, muito ligado ao Ministro Guedes e defensor de uma política de mercado para privatização acelerada e preços internacionais instantâneos na companhia? Ninguém sabe, mas que a demissão do Castello Branco não é uma coisa trivial, com certeza não é. A ação de Bolsonaro, na prática, questiona alguns princípios fundamentais da ideologia ultraneoliberal que vinha seguindo, como o respeito à governança das empresas com ações negociadas nas bolsas, a primazia do privado sobre o estatal e o abandono de intervenções governamentais em assuntos diretamente produtivos. Tirar o presidente da Petrobras, por discordar da política de preços, ameaça o programa de privatizações, pois afasta potenciais compradores de refinarias e tem um enorme efeito sobre o comportamento especulativo com as ações da Petrob...

Brasil perde um dos seus mais importantes cientistas sociais

Por Ricardo Cavalcanti-Schiel Faleceu por volta das 21:30 do dia 26 de março de 213, vítima de um acidente de trânsito no Km 92 da Rodovia Bandeirantes, o diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, Prof. Dr. John Manuel Monteiro, quando regressava da universidade para sua residência em São Paulo. Historiador e antropólogo, John Monteiro foi um pioneiro na construção do campo temático da história indígena no Brasil, não apenas produzindo uma obra analítica densa e relevante, como também criando e estimulando a abertura de espaços institucionais e de interlocução acadêmica sobre o tema. Não seria exagerado dizer que foi em larga medida por conta do seu esforço dedicado que esse campo de estudos foi um dos que mais cresceu no âmbitos das ciências humanas no país desde a publicação do seu já clássico “Negros da Terra: Índios e Bandeirantes nas Origens de São Paulo” (1994) até o momento. Tendo tido toda sua formação acadêmica nos Estados Unidos (graduado pelo Col...