Por Cláudia Bredarioli
Expectativa de
crescimento do setor e demanda mais alta por geração de energia atraem
investimentos nacionais e estrangeiros
Os bons ventos que
sopram nos mais de 8 mil quilômetros do litoral brasileiro começam, afinal, a
ajudar a captar recursos - muitos - para a geração de energia no país. Há
expectativa de que nos próximos dois anos até R$ 8 bilhões sejam destinados ao
setor para possibilitar que a energia eólica tenha chance de sair do patamar de
1% de participação na matriz energética do país.
“O Brasil hoje apresenta a maior possibilidade
global para empresas e investidores na área de energia e a eólica,
especialmente, tem se destacado cada vez mais”, diz Everaldo Feitosa,
presidente da empresa Eólica Tecnologia e vice-presidente da Associação Mundial
de Energia Eólica (WWEA, na sigla em inglês). Ele aponta que a liderança do governo
nos leilões de energia traz garantias de segurança para os investidores e tem
incentivado a chegada de recursos, ao mesmo tempo em que se tornam mais
acessíveis as verbas liberadas por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES). O BNDES condiciona o crédito a um índice de
componentes nacionais que progressivamente atinge 60%.
Com isso, tanto empresas
nacionais como internacionais querem participar desse mercado. Segundo
relatório recente da WWEA, a capacidade instalada de energia eólica brasileira
quase triplicou entre 2010 e 2012. Entre 2010 e 2015, espera-se que a
capacidade instalada cresça mais de 500%, ante apenas 14% da hidrelétrica, e
atingiria mais de 5.000 MW, superando a nuclear, que deve atingir 2.000 MW.
“Nossa cadeia produtiva
está em constante evolução e os problemas pontuais têm tudo para ser
solucionados”, aponta Feitosa.
A previsão da Abeeólica
é que a capacidade instalada no uso dos ventos para produzir energia elétrica
cresça 141% em 2013, na comparação com 2012, chegando a 6 gigawatts. Ainda de
acordo com a associação, o setor pode receber investimento de até US$ 10
bilhões entre 2013 e 2017.
As expectativas são
pequenas, contudo, considerando a capacidade brasileira de geração de energia
eólica que, segundo os especialistas, permitiria alcançar patamares semelhantes
aos da Dinamarca ou Espanha, onde o vento responde por cerca de 28% da matriz
de energia.
Ao mesmo tempo em que
cresce rapidamente, o setor de energia eólica tem criado novas oportunidades e
demandas para esse segmento. Para driblar gargalos de logística - como a
dificuldade de enviar os pesados equipamentos produzidos na região Sudeste para
o Nordeste (onde estão os parques eólicos) -, começa a ganhar força um
movimento de instalação de parques fabris na Bahia e no Ceará, por exemplo. A
produção eólica também já enfrenta dificuldade na contratação da mão-de-obra.
“Os principais gargalos estão associados à
logística, tanto para o transporte de equipamentos quanto para a transmissão de
energia. Mas há caminhos para a solução destas questões”, diz Elbia Melo,
presidente da Abeeólica. De acordo com ela, uma solução para levar equipamentos
fabricados no Sudeste para os parques eólicos nordestinos seria o aprimoramento
do uso do transporte de cabotagem. “Em relação à transmissão, a solução deve
vir no médio prazo, visto que, para a realização dos próximos leilões, é
exigida a construção prévia de linhas de transmissão”, completa.
Avaliação da agência de
classificação de riscos Moody's já apontava no fim de 2012 que a expansão
planejada da energia eólica na matriz elétrica brasileira em cerca de cinco
vezes, até 2016, criaria desafios para o setor no país. A razão principal é que
a energia eólica no Brasil tem sido viabilizada em contratos de longo prazo a
preços considerados cada vez mais competitivos, provocando uma tendência de queda
nas tarifas para os geradores.
Atualmente há 115 usinas
eólicas instaladas no país, com possibilidade de responder, a partir do ano que
vem, por cerca de 40% da demanda de crescimento anual por energia brasileira,
conforme Elbia Melo apresentou no evento Brasil Wind Energy Conference, que
termina hoje em São Paulo.
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