Por Laércio Franzon, Agência Senado
Ao participar de painel
do primeiro ciclo de audiências públicas promovido pela Comissão de Serviços de
Infraestrutura (CI), sobre o tema “Combustíveis líquidos e gases: Petróleo e
gás natural”, especialistas defenderam a suspensão da 11ª Rodada de Licitações
de áreas de petróleo que a Agência Nacional de Petróleo (ANP) deverá realizar
na semana que vem.
Em resposta a
questionamento do senador Fernando Collor (PTB-AL), sobre a oportunidade da
iniciativa da ANP, o professor Ildo Sauer, diretor do Instituto de Energia e
Ambiente da Universidade de São Paulo, considerou precipitada a decisão da ANP,
sobretudo por não estar acompanhada de estimativas confiáveis do potencial de
produção das áreas em licitação.
Na opinião de Ildo
Sauer, o Brasil, antes de se preocupar com a conversão das jazidas da camada
pré-sal em moeda, deveria formular primeiramente um plano nacional de
desenvolvimento econômico e social, e a partir dos objetivos traçados neste
projeto, utilizar a riqueza do petróleo para investir na melhoria da educação e
da saúde publicas, da infraestrutura e do saneamento básico, entre outros
setores.
— Que nós saibamos
quanto petróleo temos e que façamos um plano nacional de desenvolvimento a fim
de que possamos usar judiciosamente o recurso do petróleo que é fruto de uma
luta de gerações que vem antes mesmo da campanha “O Petróleo é Nosso”, na
década de 50 — disse Ildo Sauer.
No mesmo sentido, o
professor Adilson Oliveira, do Instituto de Economia da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), avaliou como precipitada outra iniciativa da ANP de
licitar áreas de xisto betuminoso. Segundo o economista, o Brasil deve buscar
concentrar seus esforços no desenvolvimento de tecnologia para exploração do
petróleo do pré-sal, reservando suas jazidas de xisto para utilização no futuro
quando as tecnologias de exploração forem liberadas pelos Estados Unidos.
Comentando a depreciação
das ações da Petrobras, Adilson Oliveira atribuiu a perda de valor à uma
política equivocada do governo federal de gestão da estatal, a qual, em sua
opinião, frequentemente privilegia fatores conjunturais em detrimento dos
interesses estratégicos da companhia e do país.
Eduardo Autran de
Almeida Júnior, gerente-executivo de Abastecimento e Logística da Petrobras,
atribuiu o recente aumento das importações de gasolina ocorrido no país ao
crescimento atípico da economia brasileira ocorrido a partir de 2008. De acordo
com ele, a Petrobras sempre trabalhou com previsões de taxas de crescimento do
consumo de combustíveis próximas do Produto Interno Bruto (PIB), correlação que
deixou de existir nos últimos anos.
Eduardo Autran de
Almeida Júnior alertou ainda para a possibilidade de a Petrobras enfrentar
dificuldades em garantir o abastecimento de derivados de petróleo no país, caso
não haja investimentos maciços em logística portuária e tancagem.
Maurício Tolmasquim,
presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), apresentando estudo sobre a
evolução da oferta e demanda de combustíveis para os próximos nove anos,
descartou a possibilidade de ocorrência de falta destes insumos no período.
Segundo ele, o gás natural, por exemplo, deverá ser suficiente para atender a
demanda.
De acordo com Maurício
Tolmasquim, o Brasil poderá passar, dentro de
nove anos, mesmo a ser exportador de óleo diesel e importador de
gasolina, combustível este que, segundo ele, deverá ser menos valorizado no
mercado internacional do que o diesel.
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