Documentário inédito sobre hidrelétricas no Brasil e na Turquia mostra uma luta única por sobrevivência e justiça
Para ver o documentário, clique:
Filme mostra a realidade
e as lutas dos atingidos pelas hidrelétricas de Belo Monte, no Brasil, e de
Ilisu, na Turquia, e desconstrói o mito de que a hidreletrecidade é uma energia
limpa
Já está disponível na
versão em português o documentário Damocracy, um filme que, pela primeira vez,
relaciona dois grandes desastres humanitários e ambientais em andamento,
perpetrados por governos de dois países: no Brasil, a hidrelétrica de Belo
Monte, no rio Xingu, Pará, e na Turquia a hidrelétrica de Ilisu, no rio Tigre.
Dirigido pelo premiado
documentarista canadense Todd Southgate, narrado pela atriz Letícia Sabatella e
produzido pela organização turca Doga Denergi, com apoio das ONGs International
Rivers e Amazon Watch e do Movimento Xingu Vivo para Sempre, o filme traça
paralelos sobre os impactos dos dois projetos nas populações locais e o meio
ambiente, colocando em cheque o discurso que aponta a hidreletrcidade como
fonte de energia limpa.
Assim como Belo Monte, a
história do barramento do rio Tigre na região de Ilisu data da década de 1980,
quando o governo turco iniciou o projeto da hidrelétrica, com capacidade
projetada de 1.200 megawatts. Desde então, da mesma forma que Belo Monte, a
usina é foco de uma intensa batalha judicial em função dos seus enormes
impactos, principalmente a inundação e destruição de um dos maiores tesouros
arqueológicos do mundo: a vila de Hasankeyf.
Hasankeyf tem uma
história de mais de 12 mil anos de ocupações por culturas diversas,
constituindo um museu a céu aberto. Nos paredões rochosos que margeiam o Tigre,
cavernas da era neolítica ainda preservam resquícios dos primórdios da
civilização humana. Posteriormente, a região fez parte dos impérios Romano e
Bizantino, tendo sido ocupada nos séculos seguintes pelos árabes, Artuqids,
Ayubids, Mongóis e Otomanos. Além do
valor arqueológico inestimável e único de Hasankeyf, porém, a vila e seus
arredores são o lar de mais de 35 mil pequenos agricultores e pastores,
ameaçados de despejo.O documentário mostra imagens impressionantes e
depoimentos comoventes da região e de seus moradores.
A semelhança entre o
projeto turco e os planos do governo brasileiro para os rios da Amazônia é
evidente. Assim como no Brasil, a Turquia planeja construir mais 1.500
hidrelétricas nos rios Tigre e Eufrates, e não só o país, mas Iraque, Irã e
Siria sofrerão enormes impactos nos seus reservatórios de água doce. Belo
Monte, apenas uma das mais de 60 hidrelétricas planejadas para a região, é uma
prova viva dos enormes impactos sociais e ambientais destas mega-obras. “O
preço que o mundo está sendo impelido a pagar a governos, como o brasileiro e o
turco, para proteger interesses políticos e corporativos, é insano. Damocracy
conta uma história de resistência; não deveria se tornar um registro de uma
perda que o mundo falhou em previnir”, afirma Engin Yilmaz, diretora executiva
da organização Doga Dernegi, principal movimento de resistência contra a
construção da usina de Ilisu.
Sobre os produtores
O nome do documentário,
DAMOCRACY, é o mesmo de um movimento internacional criado a partir dos debates,
na Rio + 20, sobre a insustenatbilidade ambiental e social dos grandes projetos
hidrelétricos no mundo. Átualmente, Damocracy é composto pelas organizações
Doga Dernegi (BirdLife in Turkey), Amazon Watch, International Rivers,
RiverWatch, Gota D’água , Instituto Socioambiental (ISA), Movimento Xingu Vivo
para Sempre (MXVPS), Right to Water Campaign Turkey (Su Hakkı Kampanyası), Root
Force, Contemporary Visual Arts Society (CVAS), Slow Food Fikir Sahibi Damaklar
Convivium, Grand Rapids Institute for Information Democracy, Coordinadora de
Afectados por Grandes Embalses y Trasvases (COAGRET) e Environmental Concerns
(India). Mais informações sobre o movimento estão disponíveis no site
www.damocracy.org.
Sobre o diretor
Todd Southgate formou-se
mestre em estudos ambientais na York University em Toronto, no Canadá, e também
estudou o “Creative Cinematography” (cinema criativo) no Humber College
Institute of Technology and Advanced.
Depois de uma atuação
como cinegrafista, jornalista e editor em TVs nacionais no Canadá, Todd passou
a dedicar-se ao documentário, tendo dirigido, filmado e escrito mais de 30
documentários e programas ambientais para televisão dos mais variados temas,
tais como a exploração dos mares, mudanças climáticas, desmatamento entre
outros. Dessas produções, muitas conquistaram prêmios ambientais prestigiados,
incluindo o “Grand Prize” no festival EcoFilm na Europa, em 2000.
Nos últimos 13 anos Todd
focou a sua lente e concentrou suas produções em um dos sistemas ecológicos
mais importante do mundo – a Amazônia.
Suas imagens da Amazônia
têm sido vistas nos vários outros canais e redes internacionais de TV. O
documentário “Soja: em nome de Progre$$o”, dirigido por ele e produzido em
2005, conquistou o prêmio de votação popular na II Mostra Internacional de
Cinema Ambiental (Midcam). Seu trabalho mais recente, “Mudanças do clima,
Mudanças de vidas (2006)” está sendo distribuído pela Paramount Pictures em
formato “home DVD” no Brasil, juntamente com o documentário que ganhou o Oscar
em 2007: “Uma Verdade Inconveniente”. O filme também ganhou um iBEST para
melhor documentário on-line em 2008.
Desde 2010, Todd tem
trabalhado em parceria com o aclamado cineasta James Cameron, diretor de
“Avatar”. Atualmente, é diretor de fotografia de um novo programa da Discovery
TV / Animal Planet.
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