Por Sílvio Oliveira
Pesquisa feita pela UFS
também avalia desempenho acadêmico.
Uma pesquisa feita pelo
Programa de Ações Afirmativas (Paaf) da Universidade Federal de Sergipe (UFS)
aponta que os cotistas são os universitários que menos faltam às aulas e menos
abandonam os cursos. O desempenho acadêmico varia em relação às áreas de exatas
e humanas, e a média ponderada da Universidade não se modificou, após adotar o
sistema de contas.
O coordenador da
pesquisa, professor Paulo Neves (foto principal), informa que a média da
universidade é de 5.7, dos não cotistas 5.8 e os cotistas pontuaram 5.6. Os
dados se referem a 2011, ou seja, segundo ano em que a universidade optou por
utilizar as cotas.
Segundo Neves, na UFS
não há uma disparidade entre cotistas e não cotistas em relação ao quesito
desempenho, abandono e falta. Os conceitos apontados por seguimentos contrários
à aprovação da lei nº 12.711/2012 (Lei das Costas), de que os cotistas não
iriam acompanhar o ritmo acadêmico, que haveria discriminação e rebaixaria a
qualidade do ensino não procederam e há uma realidade, por vezes, até melhor
para os cotistas.
A pesquisa observou que
dos 365 universitários que ingressaram na UFS em 2010, e que abandonaram o
curso em 2011, 228 foram considerados não cotistas e 137 foram candidatos
advindos das escolas públicas e tiveram alguma declaração de cota étnico-racial
ou portadores de necessidades educacionais. Ou seja, 62,5% do abandono são de
não cotistas.
Quando à questão da
falta às aulas, também é observada positivamente para os cotistas. Como são
considerados os alunos mais motivados, eles faltam menos e, nos primeiros anos,
tentam acompanhar mais as aulas para compensarem a defasagem do ensino médio,
principalmente nas áreas de exatas.
“Os cotistas abandonam
menos, reprovam menos por falta, entram mais motivados. Como eles têm menos
oportunidades de cursar outras universidades, de fazer outros vestibulares,
eles se mantêm mais estáveis no curso. E, ao mesmo tempo, têm uma tendência a
diminuir o diferencial inicial com o passar do tempo”, avaliou professor Paulo
Neves, que também é coordenador do Núcleo de Estudos Afro-descendentes da UFS.
Desempenho acadêmico
O risco de que os alunos
advindos das escolas públicas diminuíssem as médias ponderadas das
universidades por apresentarem médias menos elevadas do que os não cotistas
também foi desconstruído pela pesquisa.
De acordo com o
professor, ao contrário do que se pensava, as disparidades não são tão
importantes quanto se pensava que seriam. E, ao mesmo tempo, essas disparidades
nem sempre são beneficiadoras dos alunos não cotistas. “O que temos observado
nos dois primeiros anos de vigência é que as médias gerais ponderadas de
cotistas e não cotistas são muito próximas.”, afirmou.
A realidade mais díspare
no desempenho está ligada aos cursos nas áreas de exatas, principalmente nas
“engenharias”. No curso de engenharia civil, o mais tradicional, a média dos
alunos não cotistas é de 3.8, os cotistas têm media de 2.4, ou seja, mostra um
quadro ruim para todos. “Isso está relacionado, basicamente, ao fato de o que
mais reprova serem as matérias ligadas aos cálculos”, explicou.
O professor aponta que a
causa da reprovação em cálculos está ligado à problemática no ensino das
matérias básicas, tais como português (interpretação) e matemática, além de que
nas matérias exatas são ensinadas fórmulas decoradas sem creditaram o sucesso
nos cálculos ao entendimento do aluno.
Nos cursos considerados
tradicionais, a exemplo de Medicina, as médias são muito próximas, ou seja,
cotistas 8.2 e não cotistas 8.1. No curso de Odontologia, no primeiro ano, os
alunos cotistas tiveram média maior do que os não cotistas. No curso de direito
noturno, as médias são também muito próximas.
50% das vagas
O sistema de cotas faz
parte da política de ações afirmativas do Governo Federal, cujo intuito é
inserir candidatos das escolas públicas na academia, ou que se declaram negros,
pardos ou índios, além de alunos que tenham renda familiar inferior a um
salário mínimo.
A UFS adotou o sistema
em 2010, mesmo com o Governo Federal indicando que as universidades federais
pudessem implantar gradativamente até chegar ao teto de cotas em 50% do valor
total das vagas oferecidas.
A ideia é positiva, mas ainda há muito que se fazer. Na UNIPAMPA presenciamos grande numero de alunos deixando seu curso por falta de estrutura. Alunos que no primeiro semestre nao conseguiram aproveitamento satisfatório e se intitularam incapazes, enquanto poderiam estar sendo observados pela assistência social. Existe um corte imediato dos auxilios para custear as dispesas quando nao alcançados os 60% de aprovação, acho errado pois é um período de adaptação e deveriam ter alertas ao invés de efetuarem o corte imediato. Existem os alunos que procuram a assistência social e nao são atendidos como deveriam. Vejo alunos em depressão e geralmente isso é refletido nas notas. Não basta ter psicologo e assistentes sociais a disposição, eles devem conhecer o perfil do aluno e investigar os problemas de acordo com o histórico e perfil. Existe uma preocupação do campus com o alto índice de reprovação, nós alunos que presenciamos essas coisas acontecendo acreditamos que a solução é uma reestruturação do NuDE.
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