Por Jasson
de Oliveira Andrade
O assunto sobre a corrupção e Ditadura
Militar ainda não está esgotado. A imprensa, escrita e falada, afirma que a
corrupção atual é a maior da História do Brasil. Com essa crítica, uma pequena
parte de brasileiros, decepcionada, deseja a Ditadura Militar com a finalidade
de combater os corruptos. No entanto, a corrupção no tempo da Ditadura Militar
era infinitamente superior, como irei mostrar.
O jornalista e escritor J. Carlos de Assis
escreveu três livros, no final da Ditadura Militar, em 1984, mostrando os
escândalos desse período. Um deles, o mais famoso, “A Chave do Tesouro,
anatomia dos escândalos financeiros no Brasil: 1974/83”, revela essa corrupção.
Alguns capítulos: Caso Halles, Caso BUC, Caso Econômico, Caso Eletrobrás, Caso
UEB/Rio-Sul, Caso Lume, Caso Ipiranga, Caso Aurea, Caso Lutfalla (família de
Paulo Maluf, marido de Sylvia Lutfalla), Caso Abdalla, Caso Atalla, Caso
Delfin, Caso TAA. Cada “Caso” é um capítulo. Por este motivo, é impossível
detalhar esses escândalos financeiros, que trouxeram prejuízos inimagináveis à
Economia daquela época!
Em outro livro, “A dupla face da
Corrupção”, também em 1984, J. Carlos de Assis revela: “A censura (sic) da era
Médici manteve o submundo da economia tão longe da curiosidade pública como as
masmorras sombrias da repressão política. (,,,) Esta era uma atmosfera
particularmente favorável ao apaniguamento (sic) e à proteção econômica e
administrativa dos amigos do regime (…) Foi à sombra desse período
obscurantista que a maioria dos arrivistas e aventureiros do mercado,
esgueirando-se por essas omissões originais da lei ou pelos espaços abertos por
sua deformação propositada (sic), penetrou no sistema financeiro e nele
engordou seus conglomerados fraudulentos (sic), para explodir posteriormente em
escândalos”, acrescentando: “Vários grupos de aventureiros e de gangsters de
gravata (sic) foram postos na engorda junto aos cofres públicos (sic), com total
contemporização e cumplicidade da autoridade administrativa”.
Adiante o escritor comenta o escândalo da
Corretora Laureano, em 1976, fazendo essa estarrecedora denúncia: “Seu dono,
contudo, precavidamente, havia lastreado suas ousadas operações num ativo
intangível de valor incalculável nas circunstâncias: a amizade com o
Ministro-chefe da Casa Civil, o condestável do governo Geisel, General Golbery
do Couto e Silva. A relação estava selada, além disso, por um contrato de
trabalho do filho de Golbery como diretor da Corretora (sic). E o General não
tinha maiores constrangimentos éticos (sic) em encaminhar seu amigo às boas
graças de algum colega de Ministério, em especial o que detinha as chaves dos
cofres públicos, o Ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen”. Na página 85,
outra denúncia grave: a compra pela Coroa-Brastel (uma empresa que também fazia
parte do escândalo financeiro) da Metalúrgica Castor: “A Metalúrgica era
propriedade do banqueiro de bicho Castor de Andrade, em sociedade com Osório Pais
Lopes da Costa, sogro do Johnny Figueiredo, filho mais velho do Presidente da
República (na época em que o livro foi publicado, 1984, o General João
Figueiredo era o Presidente).
No ambíguo depoimento, Paim [dono da
Coroa-Brastel] relata que foi contatado por Álvaro Leal em outubro de 1982. O
consultor lhe teria dito que a Metalúrgica estava para quebrar e lhe sugeria
comprar a empresa. “atendendo a um pedido do Chefe” (sic) – o próprio
Presidente, no caso. Ele receberia por isso as “compensações devidas” , através
do Banco do Brasil (sic)”. Era uma empresa suspeita comprando outra falida
“atendendo o pedido do Chefe”! O escritor foi corajoso ao fazer essa denúncia
contra o General-Presidente em plena Ditadura Militar, mesmo que nesse ano,
1984, o regime estava mais brando!
Existem outras denúncias de corrupção no
período ditatorial, mas ficam para outro artigo.
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