Pular para o conteúdo principal

A unidade e integração da nossa América está no horizonte e é nosso caminho!

Por MAB
Entre os dias 16 e 20 de maio aconteceu a 1ª Assembléia de Articulação dos Movimentos Sociais para a Aliança Bolivariana das Américas (Alba), que reuniu mais de 150 delegados de 22 países, na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema (SP).
Os movimentos reafirmaram, na assembleia que recebeu o nome de Hugo Chávez, a importância de unificação das lutas e integração continental. Confira abaixo a versão final da declaração elaborada na assembleia:
Declaração da 1ª Assembleia Continental dos Movimentos Sociais da ALBA
HUGO CHÁVEZ FRÍAS
De 16 a 20 de maio, na Escola Nacional Florestan Fernandes, município de Guararema, no estado de São Paulo, Brasil; nos encontramos mais de 200 delegadas e delegados de movimentos de mulheres, camponeses, urbanos, indígenas, estudantes, jovens, sindicatos e organizações agroecológicas de 22 países, para constituir a I Assembléia Continental dos Movimentos Sociais do ALBA.
Temos chegado até aqui como parte de um processo histórico que nos fez reunir em fóruns, campanhas, redes internacionais, instâncias setoriais e diversas lutas dentro de cada um dos nossos países, agitando as mesmas bandeiras de luta e os mesmos sonhos por uma verdadeira transformação social.
Vivemos uma nova época na Nossa América que tem se expressado nos últimos anos através de diversas mobilizações e levantes populares, a busca pela superação do neoliberalismo e a construção duma sociedade alternativa que seja justa e inclusiva, porque já é possível e necessária.
A derrota da Alca em 2005, mostrou a resistência dos movimentos sociais e uma nova configuração geopolítica continental, caracterizada pelo surgimento de governos populares que ousem enfrentar o império. A aposta máxima a este respeito, lançada em 2004 por Fidel Castro e Hugo Chávez, é o que hoje é chamado Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA).
ALBA é um projeto essencialmente político, anti-neoliberal e anti-imperialista, com base nos princípios de cooperação, complementaridade e solidariedade, que busca acumular forças populares e institucionais por um novo ciclo de independência latinoamericana, dos povos e para os povos, por uma integração popular, pela vida, pela justiça, pela paz, pela soberania, pela identidade, pela igualdade, pela libertação da América Latina, por uma verdadeira emancipação que tenha em seu horizonte o socialismo indo-afro-americano.
Entretanto, o Império segue se mobilizando contra a reorganização das forças populares e o surgimento de novos projetos autônomos de integração da Pátria Grande. Logo após as primeiras rebeliões neoliberais, os EEUU começaram a reorientar a sua política exterior a fim de recuperar a sua hegemonia sobre o processo continental em várias dimensões: econômica, militar, regulamentar, cultural, mediática, política e territorial.
A explosão da crise capitalista no seio de Wall Street em 2008 reforçou esses planos. Desde então visibilizamos uma contraofensiva imperialista ainda maior no continente que se expressa no aumento da presença transnacional nos territórios, o saqueio dos nossos bens naturais e a privatização dos direitos sociais; a militarização do continente, a criminalização e repressão dos protestos populares; a intervenção estadunidense nos golpes de Estado em Honduras e Paraguai; a desestabilização permanente dos governos latinoamericanos progressistas; a tentativa por recuperara a influência política e econômica através de iniciativas como a Aliança do Pacífico e outros acordos internacionais.
Neste contexto marcado pelo avanço do imperialismo por um lado, mas também pela abertura de novas possibilidades com o horizonte que marca o projeto lançado pelos governos da ALBA, se faz mais necessário do que nunca a Articulação dos Movimentos Sociais do continente. Temos de assumir o desafio histórico de articular a resistência e iniciar a ofensiva com um pensamento original e novas propostas de modelos de civilização, para recuperar as melhores tradições dos nossos povos.
Ratificamos os princípios, diretrizes e objetivos da nossa primeira carta dos Movimentos Sociais das Américas para construir a integração continental dos movimentos sociais de baixo e para a esquerda, impulsionando a ALBA e a solidariedade dos povos, frente ao projeto do imperialismo.
Afirmamos nosso compromisso de contribuir ao projeto de integração latinoamericana, seguir as batalhas anticoloniais, anticapitalistas, anti-imperialistas e anti-patriarcal,sob os princípios da solidariedade ativa e permanente entre os povos, através de ações concretas contra todas as formas de poder que oprimem e dominam.
Reafirmamos a nossa aposta para alcançar a autodeterminação dos povos, a soberania popular em todas as esferas: a territorial, alimentar, energética, econômica, política, cultural e social
Defenderemos a soberania dos povos de decidir sobre seus territórios, recursos naturais e nos comprometemos a defender os direitos da Mãe Terra.
Os movimentos sociais da nossa América chamamos a:
  • Promover a unidade e integração regional com base em um modelo de vida alternativo, sustentável e solidário, onde os modos de produção e reprodução estejam a serviço dos povos.
  • Relançar a luta de massas e a luta de classes, a nível nacional, regional e continental, que nos permita por freio e desmantelar os programas e projetos do capitalismo neoliberal.
  • Tecer redes e coordenações eficazes de comunicação popular, que nos permitam enfrentar batalha de idéias, e frear a manipulação da informação pela corporação da mídia de comunicação.
  • Aprofundar nossos processos de formação política e ideológica para fortalecer as nossas organizações, assim como avançar nos processos de unidade conscientes e consequentes com as transformações necessárias.
Também,
  • Expressamos o nosso apoio e solidariedade ao povo da Colômbia neste momento crucial no processo de diálogo e negociação para conseguir a assinatura do acordo de paz com justiça social, que verdadeiramente resolvam as causas que deram origem ao conflito armado. Estaremos atentos ao desenvolvimento deste processo, dispostos a colaborar e acompanhar do jeito que o povo colombiano precise.
  • Manifestamos nosso apoio ao Governo Bolivariano da Venezuela liderada pelo camarada Presidente Nicolás Maduro, expressão inequívoca da vontade popular do povo venezuelano refletida nas urnas no passado 14 de abril, frente as contínuas tentativas de desestabilização por parte da direita que busca desconhecer a decisão soberana do povo e levar o país a uma crise política, institucional e econômica.
Esta Articulação Continental dos Movimentos Sociais do ALBA é parte de um processo de emancipação que desde a Revolução Haitiana até os nossos dias, busca construir uma sociedade mais justa e profundamente humana. Nosso compromisso é continuar o legado de milhões de revolucionárias e revolucionários como Bolívar, San Martin, Dolores Cacuango, Toussaint L'Overture, José María Morelos, Francisco Morazan, Bartolina Sisa e tantos outros que de maneira solidaria e desprendida deram suas vidas por esses ideais.
Reafirmando a nossa história, nossa Assembléia tem o nome de um deles, o do nosso Comandante Hugo Chávez, a quem honramos retomando suas bandeiras de luta pela unidade e fraternidade entre todos os povos desta Pátria grande, livre e soberana.
"A unidade e integração da nossa América está no horizonte e é nosso caminho!"

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Por que a luta por liberdade acadêmica é a luta pela democracia

Por Judith Butler Muitos acadêmicos se encontram sujeitos à censura, à prisão e ao exílio. Perderam seus cargos e se preocupam se algum dia poderão dar continuidade às suas pesquisas e aulas. Foram privados de seus cargos por causa de suas posições políticas, ou às vezes, por pontos de vista que supõem que tenham ou que lhes é atribuído, mas que não eles não têm. Perderam também a carreira. Pode-se perder um cargo acadêmico por várias razões, mas aqueles que são forçados a deixar seu país e seu cargo de trabalho perdem também sua comunidade de pertencimento. Uma carreira profissional representa um histórico acumulado de uma vida de pesquisa, com um propósito e um compromisso. Uma pessoa pensa e estuda de determinada maneira, se dedica a uma linha de pesquisa e a uma comunidade de interlocutores e colaboradores. Um cargo em um departamento de uma universidade possibilita a busca por uma vocação; oferece o suporte essencial para escrever, ensinar e pesquisar; paga o salário que lib

O mundo como fábula, como perversidade e como possibilidade: Introdução geral do livro "Por uma outra globalização" de Milton Santos

Por Milton Santos Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido. Haveria nisto um paradoxo pedindo uma explicação? De um lado, é abusivamente mencionado o extraordinário progresso das ciências e das técnicas, das quais um dos frutos são os novos materiais artificiais que autorizam a precisão e a intencionalidade. De outro lado, há, também, referência obrigatória à aceleração contemporânea e todas as vertigens que cria, a começar pela própria velocidade. Todos esses, porém, são dados de um mun­do físico fabricado pelo homem, cuja utilização, aliás, permite que o mundo se torne esse mundo confuso e confusamente percebido. Explicações mecanicistas são, todavia, insuficientes. É a maneira como, sobre essa base material, se produz a história humana que é a verdadeira responsável pela criação da torre de babel em que vive a nossa era globalizada. Quando tudo permite imaginar que se tornou possível a criação de um mundo veraz, o que é imposto aos espíritos é um mundo de fabulações, q

54 museus virtuais para você visitar

American Museum of Natural History ; My studios ; Museu Virtual Gentileza ;