Por Eduardo Araia
Há cerca de 40 anos o
cientista britânico James Lovelock fez furor com o lançamento da sua
"Hipótese Gaia", proposição científica na qual ele definia a Terra
como um organismo vivo, inteligente e sensível. Discutida e em parte
desacreditada, a ideia volta hoje com toda a sua força original
Falar de James Lovelock
é falar de paradoxos. A começar por sua reputação de teórico inflamado e
visionário e por sua aparência: magrinho, olhos azuis-claros, voz suave e
sorriso infantil. Difícil imaginar que esse vovô alegre e brincalhão publicou
um dos livros mais sombrios dos últimos anos sobre o futuro do planeta. Da
mesma forma, é difícil acreditar que, por trás do ar inofensivo de aposentado,
esse homem provocou mais de 40 anos de polêmicas no mundo da ciência com sua
hipótese Gaia – que ele batizou com o nome da deusa grega da Terra –, segundo a
qual nosso planeta seria um ser vivo.
Foi há quase meio século
que Lovelock, na época com 42 anos, assumiu, algo por acaso, o destino de
teórico da ciência – bem como o de semeador de encrencas. Ele era, então, um
obscuro biofísico britânico, médico de formação, que concebera vários aparelhos
engenhosos – "naqueles tempos, os cientistas fabricavam eles mesmos seus
instrumentos, pois ninguém tinha dinheiro para comprá-los nas lojas",
recorda ele. Alguns desses aparelhos permitiam a detecção de substâncias em
concentrações muito baixas, pelo método da cromatografia gasosa, e interessaram
à Nasa, que então desenvolvia um programa de exploração de Marte. Para obter
esses detectores, a agência norte-americana trouxe seu inventor, que chegou em
1961 ao Jet Propulsion Laboratory (JPL), na Califórnia, com a missão
estritamente técnica de adaptar os aparelhos às exigências das naves espaciais.
Mas – traço indelével de
seu caráter – o inventor logo resolveu se meter onde não era chamado.
"Logo de cara, disse aos biólogos da Nasa que as experiências que eles
planejavam eram ridículas: implicitamente, elas partiam do princípio de que as
formas de vida em Marte seriam semelhantes àquelas do deserto da
Califórnia!" O tom das discussões engrossou e Lovelock foi chamado ao
escritório do diretor, furioso por causa do clima de conflito entre os biólogos
que ele trouxera a peso de ouro para o JPL. "Você tem três dias para me
trazer uma proposta construtiva", ele disse a Lovelock.
Um sistema que favorece a vida
Três noites em claro
mais tarde, Lovelock voltou ao JPL. Trazia um projeto ao mesmo tempo nebuloso e
preciso. Sua ideia? Buscar uma "assinatura" global da vida, mais que
dissecar algumas amostras demasiadamente locais. E a audácia de sustentar que,
ao desvendarmos a composição química da atmosfera marciana pela análise da luz
oriunda do Planeta Vermelho, poderíamos talvez perceber se essa atmosfera
carrega a marca de seres que nela colhem nutrientes e nela lançam seus dejetos.
Ou se, ao contrário, ali simplesmente nada acontece. A ideia de que um simples
telescópio munido de um espectrofotômetro permitiria detectar a vida recolocava
em questão todo o programa em curso. Os cientistas presentes imediatamente
puseram cadeados nas portas, e solicitou-se ao sujeito que voltasse a seus
instrumentos... e retomasse sua condição de homem livre e descompromissado o
mais rapidamente possível.
A Nasa ficou para trás,
mas isso pouco importava. Lovelock havia encontrado uma pista e, como bom
sabujo da ciência, nunca mais a abandonaria. Em 1965, ele publicou na revista
Nature um primeiro artigo sobre a análise a distância da vida em Marte. Dois
anos depois, divulgou algumas das primeiras conclusões, amparadas no estudo da
radiação infravermelha desse planeta comparada à da Terra. Eram conclusões
extremamente engenhosas e inovadoras, baseadas no segundo princípio da
termodinâmica, segundo o qual a matéria tende a uma crescente desordem, à qual
se opõe a ação organizadora da vida.
"Expliquei que
Marte estava próximo do equilíbrio químico e dominado em 95% pelo dióxido de
carbono (uma molécula muito estável), enquanto a Terra estava num estado de
profundo desequilíbrio químico", recorda Lovelock. "Em nossa
atmosfera, o dióxido de carbono é raro. Aqui, porém, encontramos oxigênio em
abundância, que coexiste com o metano e outras substâncias muito
reativas." Ora, essa combinação é improvável num planeta onde atuam apenas
as leis da química. Para o pesquisador, uma conclusão se impõe: é a vida que
renova sem cessar todas essas moléculas e afasta a Terra do equilíbrio químico
visto em Marte e Vênus. Esses dois planetas, portanto, estão mortos, enquanto a
Terra está viva.
Num planeta no qual há
vida, essa característica fica perceptível na atmosfera, onde seres animados
colhem nutrientes e lançam dejetos.
Lovelock, que quando
muito jovem queria ser médico, se debruça finalmente sobre as propriedades da
Terra. E verifica que sua atmosfera, de composição química tão distante do
equilíbrio, permaneceu notavelmente estável ao longo das eras. Um pouco como o
sangue de um ser vivo. O mesmo se observa no que diz respeito à temperatura: à
escala de centenas de milhões de anos, ela exibe uma surpreendente
estabilidade. A radiação solar, no entanto, aumentou um terço desde o
surgimento da vida na Terra. A propriedade de conservar sua temperatura
constante enquanto a do meio circundante varia, a homeotermia, é característica
dos animais mais complexos.
Enfim, o raciocínio
chega à terceira etapa, a mais controvertida de todas. Lovelock constata que
tanto a temperatura como a composição química tendem a valores quase ótimos
para a criatura viva – como se o "objetivo" do sistema fosse
favorecer a vida. De fato, uma atmosfera com duas vezes mais oxigênio causaria
incêndios incessantes, enquanto o oxigênio mais rarefeito acarretaria vários
problemas metabólicos para os seres vivos. Segundo Lovelock, a causa é bem
clara e, após publicar artigos de grande repercussão, ele resumiu esses
pensamentos em 1979 em sua obra de referência: A Terra É um Ser Vivo – A
Hipótese Gaia.
Nela, defende a ideia de
que a Terra é uma espécie de simbiose (uma associação biológica favorável a
todas as partes que a compõem) gigante entre todos os seres vivos e o meio
mineral, um superorganismo que se conserva no estado mais favorável possível à
vida por meio de mecanismos de retroação (ou seja, o efeito agindo sobre a
causa).
Marte, pelas análises de
Lovelock, tem uma atmosfera próxima do equilíbrio químico. Já a da Terra se
encontra em profundo desequilíbrio químico – fator que indica a existência de
vida. Isso levou o cientista britânico a criar a hipótese Gaia, nome da deusa
grega (abaixo) associada ao nossso planeta.
Semente da discórdia
Um dos mais eminentes
climatologistas norteamericanos da atualidade, David Archer, comenta:
"Durante meu primeiro curso de biogeoquímica, fizeram-me ler os primeiros
capítulos desse livro. Desde então, impus sua leitura a todos os alunos dos
quais me tornei orientador." A ideia, hoje mundialmente aceita, de que é
preciso pensar a Terra como um sistema no qual todas as partes interagem, e que
biólogos, oceanógrafos, geólogos, meteorologistas, etc. devem trabalhar juntos
para conseguir antecipar seu funcionamento, deve muito a Lovelock.
Mas, ao batizar seu
objeto de estudo "Gaia", nome de uma divindade feminina (aconselhado
por William Golding, Prêmio Nobel de Literatura em 1983), o teórico foi, para
muitos, longe demais. Passou-se a recomendar muita prudência na leitura de seus
livros, e em várias universidades ele passou a ser tratado como místico e
teleólogo, pelo fato de que sua teoria parece conferir um sentido para a vida e
a evolução. Imperdoável, para um cientista! Jovens pesquisadores foram
inclusive advertidos de que o uso do nome "Gaia" num título de artigo
ou trabalho científico podia arruinar ou macular seriamente uma carreira de
cientista. Os biólogos, sobretudo Richard Dawkins, acusaram-no com virulência
de questionar o darwinismo. Como caracteres "altruístas", favorecendo
a biosfera em seu conjunto, e não o indivíduo ou a espécie, poderiam ter sido
selecionados pela evolução? Quer-se introduzir aqui uma mão divina,
argumentavam, indignados. E não faltaram sequer aqueles que lembravam que o
segundo nome de Lovelock, Ephraim, dá testemunho de suas origens familiares
rigidamente protestantes...
A independência de
pensamento de Lovelock incomoda muita gente. Os ambientalistas, por exemplo,
apreciam a metáfora de Gaia, mas se irritam com a defesa histórica que seu
criador faz da energia nuclear – para o cientista, a principal fonte energética
do futuro.
A simples menção dessas
críticas consegue apagar o luminoso sorriso de Lovelock. "Os biólogos
tornaram-se exageradamente belicosos por causa dos repetidos ataques desferidos
contra eles pelos criacionistas. Assim que alguma coisa sai do seu padrão de
pensamento, eles a interpretam como criacionismo e partem para o ataque. Além
disso, fazem-no usando as próprias armas dos religiosos, um pouco como se A
Origem das Espécies, de Darwin, fosse a nova Bíblia. Não estou minimamente em
desacordo com o darwinismo. Minha teoria o engloba, mas em um nível superior.
Um pouco como a teoria da relatividade supera, sem a contradizer, a física newtoniana."
Mas, assim sendo, o
planeta vivo é apenas uma metáfora? "Claro, ele não é vivo como nós ou uma
bactéria, e, nesse sentido, é mesmo uma metáfora", admite Lovelock.
"Mas acho que a definição de vida dada pelos biólogos é demasiado
restritiva. Afinal, falta a Gaia apenas a reprodução!"
Pode-se apostar que se,
em vez de lançar mão do termo Gaia, ele tivesse batizado sua tese de
"teoria biogeoquímica", como lhe fora aconselhado, teria evitado
muitos aborrecimentos e gozaria de todas as merecidas honras de grande
cientista. Mas, como um Dom Quixote da ciência, o obstinado doutor recusa
baixar o tom de seus escritos, não admite a retirada de uma única vírgula e se
mantém em permanente disputa com seus adversários. Isso lhe valeu um estatuto
original de "cientista independente", fora das grandes instituições,
inteiramente consagrado à defesa e à consolidação de sua teoria – mas não o
impediu de publicar em sua carreira mais de 200 artigos, 30 dos quais na
Nature, e de fazer várias descobertas importantes. Por exemplo, a do DMS,
aerossóis sulfurosos emitidos pelas algas e capazes de esfriar a atmosfera
oceânica. Eles constituem um bom exemplo de retroação "à moda de
Gaia": se a temperatura aumenta, as algas proliferam, produzem mais
aerossóis... o que, por sua vez, faz baixar a temperatura do oceano.
Tarde demais?
Em relação fria com a
maioria das instituições científicas, Lovelock poderia ter se refugiado no seio
de uma nova família que lhe estendia os braços: o movimento ecológico.
Entusiasmados pela metáfora de Gaia, os ecologistas dos anos 1970 piscam os
olhos para seu inventor. Mas desde o início o paradoxal Ephraim não pôde ser
digerido pelo movimento verde. É que o homem, que não hesita em se declarar
ecologista, é ao mesmo tempo um tecnófilo decidido. Claro, ele manifesta
hostilidade à poluição e à excessiva intrusão humana no funcionamento normal de
Gaia. Mas isso não o impede de ser, por exemplo, um defensor histórico da
energia nuclear – e isso muito antes de a questão do aquecimento global
aflorar.
O aquecimento global
afetará profundamente a agricultura mundial, deixando-a inviável em diversas
regiões do mundo.
"Numerosos verdes
franceses, donos de belas mansões na Dordonha (sudoeste do país), vêm a mim
para elogiar as vantagens do TGV, o trem ultrarrápido", conta o cientista.
"Então, digo a eles: 'Mas vocês sabem que se trata de um transporte
nuclear?' Eles, claro, soltam gritos de protesto. Mas isso é verdade! A maior
parte dos verdes é feita de burgueses urbanos e bem posicionados na vida. São
cheios de boas intenções, mas não entendem nada de ciência nem da
realidade."
Embora sempre
denunciando as ações poluidoras e os atentados aos ciclos naturais, Lovelock
tem se mantido a boa distância de um catastrofismo muito em moda nos meios
ecologistas. Para ele, Gaia é bem mais forte que os homens e, no fundo, apenas
superficialmente atingida por seus caprichos, mesmo os mais insanos. Ou, melhor
dizendo, ele pensava assim: recentemente, mudou quase que radicalmente de
posição e, em sua última obra, A Vingança de Gaia, dá um verdadeiro grito de
alarme.
"Esse livro",
diz ele, "nasceu de uma visita ao Hadley Centre (centro de estudos do
clima britânico) em janeiro de 2005. À medida que passava de departamento a
departamento, dos especialistas da banquisa polar aos do oceano, e depois aos
da floresta, o repicar do sino era sempre o mesmo: as coisas se degradam e a
retroação será positiva. Ou seja: por exemplo, o desaparecimento da banquisa
oceânica no Ártico irá acelerar o aquecimento do oceano, o oceano não
conseguirá mais absorver o carbono, o aquecimento da floresta irá liberar ainda
mais CO2... O perigo é mortalmente sério."
Gaia, portanto, está em
perigo? "Gaia, precisamente, não", estima Lovelock, "mas, se o
aumento da temperatura que prevejo, de 6 a 8 graus centígrados, se produzir, a
civilização poderá ser ameaçada: teremos uma extinção em massa de espécies e a
agricultura se tornará impossível em boa parte da superfície do planeta. O
alimento será insuficiente, haverá migrações de populações inteiras, conflitos,
a humanidade se concentrará ao redor das regiões polares..." Esse
prognóstico se justifica, segundo Lovelock, pelo fato de modelos atuais
subestimarem as retroações.
Fazer as pazes com a Terra
Em seu último livro, A
Vingança de Gaia (Editora Intrínseca), Lovelock traça um prognóstico
pessimista, julgando que nosso planeta está febril e que sua saúde declina. Ele
pede uma reação enérgica para salvar aquilo que ainda pode ser salvo –
"fazermos as pazes com Gaia enquanto ainda somos fortes o bastante para
negociar, e não quando tivermos nos tornado uma multidão dividida e vencida, em
via de extinção".
O momento atual, para
ele, é o de uma "retirada sustentável", mais que de um
"desenvolvimento sustentável". Para ilustrar a situação, ele costuma usar
a metáfora de Napoleão às portas de Moscou em 1812: "Acreditamos ter
vencido todas as batalhas, mas a verdade é que avançamos demais, temos
demasiadas bocas para alimentar e o inverno se aproxima..." E o Protocolo
de Kyoto? Nova metáfora: "É como os acordos de Munique que vivi na minha
juventude. O mundo inteiro percebe o perigo que se aproxima e os políticos
pronunciam belas frases e fazem de conta que estão fazendo alguma coisa."
A humanidade representa
uma grande oportunidade para Gaia, diz Lovelock. "Somos, de certa forma,
seu sistema nervoso", ressalta o cientista. "Ela perderia muito se
nos perdesse."
Medicina planetária
Diante da gravidade do
momento, e fiel a seu gosto pela tecnologia, Lovelock concebe sem reticências
uma "medicina planetária". Ela inclui estratégias para refrescar
artificialmente o planeta, seja na forma de aerossóis sulfurosos, seja na de
espelhos gigantes instalados em órbita no espaço, e várias outras soluções
paliativas.
Ele preconiza uma
nuclearização maciça da eletricidade mundial e sugere inclusive que uma parte
de nossa alimentação seja produzida artificialmente, em fábricas, para
minimizar nossa utilização do espaço natural. Programa surpreendente, que
demonstra a independência de pensamento de um homem que, apesar de quase meio
século de uso da palavra livre, é agora recebido pelos grandes do planeta, como
Al Gore, ex-presidente norte-americano e Prêmio Nobel da Paz de 2007.
E como estão as relações
entre o homem e Gaia? Será preciso ver nossa espécie como um tipo de câncer do
planeta, paralisando pouco a pouco suas funções reguladoras? "A aparição
da humanidade constituiu uma grande oportunidade para Gaia", protesta o
cientista. "Somos, de certa forma, seu sistema nervoso. Em todo caso, é
graças a nós que ela de algum modo tomou consciência de si mesma e inclusive
conseguiu se ver a partir do espaço exterior. Ela perderia muito se nos
perdesse." E conclui com uma última metáfora: "Gaia, vocês sabem, é
como uma avó que recolheu em sua casa um bando de adolescentes demasiado
indisciplinados e turbulentos. Ela poderá – talvez com a morte na alma –
trancar a porta e deixá-los do lado de fora."
James Lovelock é doutor
honoris causa de uma dezena de universidades ao redor do mundo. Ganhou prêmios
científicos de vários organismos, tais como a Organização Mundial de
Meteorologia, a Academia de Ciências da Holanda, a Sociedade Norte-Americana de
Química e o Laboratório Marinho de Plymouth.
A HIPÓTESE GAIA
Por: Paula Louredo,
bióloga (http://www.brasilescola.com/biologia/hipotese-gaia.htm)
Na década de 70 o inglês
James Lovelock elaborou a hipótese Gaia, e segundo ela, o planeta Terra se
comporta como um só organismo vivo
A hipótese Gaia foi
elaborada pelo cientista inglês James Lovelock no ano de 1979, e fortalecida
pelos estudos da bióloga norte-americana Lynn Margulis. Essa hipótese foi
batizada com o nome de Gaia porque, na mitologia grega, Gaia era a deusa da
Terra e mãe de todos os seres vivos.
Segundo a hipótese, o
planeta Terra é um imenso organismo vivo, capaz de obter energia para seu
funcionamento, regular seu clima e temperatura, eliminar seus detritos e
combater suas próprias doenças, ou seja, assim como os outros seres vivos, um
organismo capaz de se autorregular. De acordo com a hipótese, os organismos
bióticos controlam os organismos abióticos, de forma que a Terra se mantém em
equilíbrio e em condições propícias de sustentar a vida.
A hipótese Gaia sugere também
que os seres vivos são capazes de modificar o ambiente em que vivem, tornando-o
mais adequado para sua sobrevivência. Dessa forma, a Terra seria um planeta
cuja vida controlaria a manutenção da própria vida através de mecanismos de
feedback e de interações diversas.
Um dos argumentos
utilizados pelos defensores dessa hipótese é o fato de que a composição da
atmosfera hoje parece depender principalmente dos seres vivos. Sem a presença
dos seres fotossintetizantes o teor de gás carbônico (CO2) na atmosfera seria
altíssimo, enquanto que nitrogênio (N2) e oxigênio (O2) teriam concentrações
muito baixas. Com a presença dos seres fotossintetizantes, a taxa de CO2
diminuiu, aumentando consideravelmente os níveis de N2 e O2 disponível na
atmosfera. Essa redução do CO2 favorece o resfriamento do planeta, já que esse
gás é o principal responsável pelo efeito estufa, influenciando muito na
temperatura do planeta. Segundo esse argumento, a própria vida interferiu na
composição da atmosfera, tornando-a mais adequada à sobrevivência dos
organismos.
Embora muitos cientistas
concordem com essa hipótese, outros não a aceitam, discordando da ideia de que
a Terra seja um "superorganismo". Um dos argumentos utilizados por
esses cientistas é que não só os fatores biológicos moldam o planeta, mas
também fatores geológicos, como erupções vulcânicas, glaciações, cometas se
chocando contra a Terra, que modificaram e ainda modificam profundamente o
aspecto do planeta.
Discordando ou não, a
hipótese Gaia nos chama a atenção para as relações existentes entre os seres
vivos e o meio ambiente, e principalmente para as relações existentes entre
nossa espécie e os demais seres vivos. Dessa forma, utilizemos essa hipótese
para refletir sobre os impactos que as nossas atividades estão causando no
planeta Terra.
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