Por Luiz Genro
Pesquisadora diz que
técnica de clonagem permitirá entender mecanismos de formação de embrião
Para Marimelia
Porcionatto, pesquisadora de biologia de células-tronco neurais, da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a técnica desenvolvida por
pesquisadores da Universidade de Oregon que usou a clonagem para fazer
células-tronco, representa um passo importante não só do ponto de vista de
novas possibilidades terapêuticas, como "também contribuirá para a
compreensão de mecanismos moleculares que controlam as primeiras etapas da
formação de um embrião".
A professora e
pesquisadora não acredita que a possibilidade de clonagem de indivíduos vivos
(ou até mortos) venha a ser um problema. Para ela, o trabalho demonstra um
avanço técnico muito importante e, "como tudo na ciência, a destinação que
será dada a essa nova técnica deverá ser discutida, regulamentada e acompanhada
pela sociedade, que tem a seu alcance diversos mecanismos de controle".
Do ponto de vista da
ciência, a pesquisadora não crê que a técnica possa gerar um dilema, "mas
certamente vai fazer com que discussões sobre o que é a vida; se existem
limites para o que se pode fazer; o que é ético e o que é legal, enfim,
discussões que - no meu entendimento, só nos enriquecem -, sejam retomadas com
mais força". Já no que toca os dilemas pessoais, Marimelia diz que vai
depender das convicções de cada um.
Importância
A pesquisadora explica
que a transferência nuclear, que os autores da pesquisa conseguiram - e que
outros colegas falharam ao longo de 15 anos - "foi demonstrar que as
células da massa celular interna do embrião gerado a partir da célula
reprogramada tinham características de células-tronco embrionárias". Em
trabalhos anteriores, Marimelia acrescenta, os cientistas não tinham conseguido
chegar ao estágio de blastocisto.
Segundo o estudo, pela primeira
vez foi possível reprogramar células somáticas (que não estão envolvidas na
reprodução, como as células da pele, por exemplo) em células-tronco
embrionárias pela técnica de transferência nuclear.
"O que os
pesquisadores fizeram foi introduzir núcleos de fibroblastos de pele humana
(célula somática) em oócitos humanos doados por mulheres saudáveis",
explica. A partir da introdução do núcleo de um fibroblasto em um oócito foi
gerado um embrião que, após ser cultivado in vitro, atingiu o estágio de blastocisto,
completa Marimelia.
O blastocisto é uma
estrutura formada após as primeiras divisões do embrião. No interior dessa
estrutura ficam as células que darão origem ao novo organismo que está sendo
formado. Chamadas de "massa celular interna", são células-tronco
embrionárias, a partir das quais todas as células do organismo serão formadas.
As células-tronco embrionárias são importantes para a ciência porque são elas
que dão origem a todas as células, de todos os tecidos e órgãos.
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