Por Altamiro
Borges
O tomate virou destaque na mídia nativa. O Jornal
Nacional da TV Globo não para de falar no vegetal. Os jornalões também dão
amplo espaço ao novo perigo vermelho! Os “analistas do mercado” – nome fictício
dos porta-vozes do rentismo – afirmam que a explosão do preço do tomate
evidencia que o governo perdeu o controle da inflação. Não resta outro remédio,
ou pesticida: a alta da taxa de juros. O bombardeio tem alvo imediato: a
reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na próxima
semana.
Segundo a Folha, que é tucana e rentista, a inflação
“deve fechar o ano acima de 6%”. Ela faz esta afirmação no título, mas
relativiza o terrorismo no próprio corpo da matéria. “A maioria dos cerca de
cem analistas consultados semanalmente pelo BC, entretanto, tem estimativa
menor. As projeções de inflação de 2013 registraram leve recuo na semana
passada, de 5,71% para 5,70%”. Mesmo assim, o tomate, o novo inimigo público da
economia, indica dias piores para a nação brasileira – que caminha para o caos
total!
Já o Estadão, que está falido e é refém dos banqueiros,
garante que a inflação vai superar o teto da meta fixada pelo governo. “Esta é
a expectativa da maioria esmagadora dos economistas do mercado financeiro
consultados pelo AE Projeções. Segundo um conjunto de 45 instituições, o
indicador atingirá nível de 6,50% a 6,70%, com mediana de 6,62%... Se o IPCA
superar o teto no acumulado em 12 meses, será a primeira vez que isso
acontecerá desde novembro de 2011, quando a taxa foi de 6,64%”.
Globo, Folha e Estadão não vacilam diante deste cenário
apocalíptico. “A opinião majoritária é que a subida dos juros deve começar no
mês que vem”, decreta o jornal da famiglia Frias. Para o diário, que
estigmatizou os aeroportos lotados, a alta da inflação já afeta os hábitos de
consumo dos ricaços. “Consumidor troca avião por carro, evita estacionamento e
restaurante e espaça idas ao cabeleireiro e à manicure. Levantamento que leva
em conta itens com maior peso no consumo dos mais ricos mostra aumento dos
serviços”.
No meio deste tiroteio, o governo ainda tenta resistir.
No início desta semana, a presidenta Dilma Rousseff promoveu um almoço com os
economistas Delfim Netto, Luiz Gonzaga Belluzzo e Yoshiaki Nakano – os três
avessos à ortodoxia neoliberal. O Palácio do Planalto se mostra preocupado com
a inflação, mas evita medidas que desestimulem o crescimento da economia. A
batalha será definida nos próximos dias. A mídia rentista já está em campo;
falta a pressão dos movimentos sociais e das forças comprometidas com a
produção e o trabalho.
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