Por Mauro
Santayana, via Rede Brasil Atual
Historiador a serviço da CIA revela como ideias e
recursos dos Estados Unidos seduziram a imprensa brasileira nos anos 1950 e
semearam o golpe.
Há 48 anos, quando o Brasil vislumbrava reformas
constitucionais necessárias a seu desenvolvimento, os Estados Unidos
financiaram e orientaram o golpe militar. E interromperam uma vez mais um
projeto nacional proposto em 1930 por Vargas. Os acadêmicos podem construir
teses sofisticadas sobre a superioridade dos países nórdicos para explicar o
desenvolvimento da Europa e dos norte-americanos e as dificuldades dos demais
povos em acompanhá-los, mas a razão é outra. Com superioridade bélica, desde
sempre, impuseram-se como conquistadores do espaço e saqueadores dos bens
alheios, os quais lhes permitiram o grande desenvolvimento científico e militar
nos séculos 19 e 20 e sua supremacia sobre o resto do mundo.
Pode-se ver a origem do golpe de 1964 mais próxima uma
década antes. Em 1953, diante da resistência de Getulio, que quis limitar as
remessas de lucros e criou a Petrobras e a Eletrobras para nos dar autonomia
energética, a ação “diplomática” dos Estados Unidos cercou o governo. Com o
aliciamento de alguns jornalistas e dinheiro vivo distribuído aos grandes
barões da imprensa da época, construiu a crise política interna. Entre a lei
que criou a Petrobras e a morte de Getulio, em 24 de agosto de 1954, o Brasil
viveu período conturbado igual aos três anos entre a renúncia de Jânio e 1964.
A propósito do projeto de Getulio, seria importante a
tradução no Brasil de um livro no qual essa operação é narrada em detalhes: The
americanization of Brazil – A study of US cold war diplomacy in the third
world, 1945-1954. Um estudo sobre a diplomacia norte-americana para o Terceiro
Mundo em tempos de Guerra Fria. O autor, Gerald K. Haines, é identificado pela
editora SR Books como historiador sênior a serviço da CIA, o que lhe confere
toda a credibilidade.
Haines mostra como os donos dos grandes jornais da
época foram “convencidos” a combater o monopólio estatal, até mesmo com textos
produzidos na própria embaixada, no Rio. E lembra a visita ao Brasil do
secretário de Estado Edward Miller, com a missão de pressionar o governo a
abrir a exploração do petróleo às empresas norte-americanas. O presidente da
Standard Oil nos Estados Unidos, Eugene Holman, orientou Miller a nos vender a
ideia de que só assim o Brasil se desenvolveria. Mas o povo foi às ruas e
obrigou o Congresso a impor o monopólio.
A domesticação dos meios de informação do Brasil
começara ainda no governo Dutra. Os norte-americanos usaram as excelentes
relações entre os intelectuais e jornalistas e o embaixador Jefferson Caffery,
nos meses em que o Brasil decidira por aliar-se aos Estados Unidos na luta
contra o nazifascismo, em benefício de sua expansão neocolonialista.
A criação da Petrobras levou os ianques ao paroxismo
contra Vargas, e os meios de comunicação acompanhavam a histeria
norte-americana. A estatal era vista como empresa feita com o amadorismo
irresponsável dos ignorantes.
A morte de Vargas não esmoreceu os grupos que tentaram,
em 11 de novembro do ano seguinte, impedir a posse de Juscelino. O golpe de
Estado foi frustrado pela ação rápida do general Teixeira Lott. Em 1964, a
desorganização das forças populares favoreceu a vitória dos norte-americanos,
que voltaram a domesticar a imprensa e o Parlamento e manipularam os chefes
militares brasileiros.
Os êxitos do governo atual e a nova arregimentação
antinacional contra a Petrobras – agora com o pré-sal – devem mobilizar os
trabalhadores que não estão dispostos a viver o que já conhecemos. Sabem que a
situação internacional tende para a direita, e não podemos repetir apenas que o
povo esmagará os golpistas. É necessário não só exercer a vigilância, mas agir,
de forma organizada e já, para promover a unidade nacional em defesa do
desenvolvimento de nosso país.
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