Do Opera Mundi
Venezuela prende norte-americano acusado de incitar
violência pós-eleitoral
Timothy Hallet teria recebido financiamento de ONGs
para que estudantes e jovens promovessem ações desestabilizadoras
Um norte-americano de 35 anos, identificado como
Timothy Hallet Tracy, foi detido na Venezuela por suposto envolvimento em
“planos desestabilizadores” do país. Segundo o ministro de Relações Interiores
e da Venezuela, Miguel Rodríguez, o suspeito teria recebido financiamento de
ONGs para que estudantes e jovens promovessem ações violentas no país.
“A missão era nos levar a uma guerra civil”, garantiu o
ministro, afirmando que o objetivo final do plano de instabilidade seria
provocar “a intervenção de uma potência estrangeira para colocar o país em
ordem” e, segundo eles, “reestabelecer a democracia”. De acordo com Rodríguez,
o financiamento teria relação com a onda de violência que se alastrou por
vários Estados venezuelanos no dia seguinte à eleição presidencial que deu
vitória a Nicolás Maduro.
O ministro mencionou ainda que Hallet teria recebido
treinamento como agente de inteligência. “Ele sabe trabalhar na clandestinidade
e ganhar adeptos que possam defendê-lo em situações complicadas”, falou,
explicando a relação do norte-americano
com estudantes que conformam um movimento opositor denominado “Operação
Soberania”, criado em janeiro deste ano, e que promoveu protestos com
diferentes metodologias nos últimos meses.
Antes do anúncio da morte de Hugo Chávez, membros do
grupo se manifestaram com as mãos acorrentadas, para que as autoridades do país
dissessem “a verdade sobre a saúde do presidente”. Antes da eleição de 14 de
abril, acamparam em uma praça de um bairro nobre de Caracas e iniciaram uma
greve de fome, em protesto contra o órgão eleitoral do país. Após as eleições,
o grupo voltou a se reunir, denunciando “fraude” no pleito e exigindo a
recontagem dos sufrágios.
Gravação mostra supostos líderes estudantis de ultradireita
organizando atos de desestabilização:
O Departamento de Estado dos EUA disse estar esperando
informações sobre a situação de Hallet. Segundo a imprensa local, um amigo do
norte-americano afirmou que ele é um cineasta que produzia um documentário.
Rodríguez informou, no entanto, que 500 vídeos foram confiscados em uma
operação, como provas de um plano denominado de “Operação Abril” pelo Sebin
[Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional], que atua no caso. “Todos os
indícios conseguidos sinalizam que o dia das eleições correria em plena
normalidade, mas que a partir dos resultados emitidos pelo CNE haveria um
desconhecimento por parte do candidato da direita”, afirmou, aludindo ao
opositor Henrique Capriles.
Desconhecimento
Na noite de quinta-feira, o ex-candidato anunciou, em
entrevista ao canal privado Globovisión, que entrará com um recurso na Justiça
para impugnar a eleição presidencial, a qual afirma ter ganhado. No dia
seguinte às eleições, o ex-candidato convocou seus apoiadores a realizar um
panelaço contra a proclamação de Maduro como presidente do país. Neste dia,
atos de violência foram registrados em diferentes partes do país, com incêndios
provocados e disparos, que culminaram na morte de pelo menos nove pessoas, a
maior parte delas identificada com o chavismo.
"Todos os cenários indicavam isso, e informamos o
alto comando do governo que já sabíamos que viria um desconhecimento [dos
resultados eleitorais] e que iam gerar ações violentas e de rua, que
aumentariam durante os dias, que iam gerar um espiral de violência com
intenções de desestabilizar e deslegitimar o governo", garantiu Rodríguez.
Após as mortes, o governo prometeu que os responsáveis pelos crimes cometidos
serão condenados, e uma comissão de investigação foi anunciada pela Assembleia
Nacional do país.
Em alusão a um dos vídeos apresentados por Rodríguez
como prova do financiamento de estudantes para a promoção dos atos de violência
pós-eleitoral, o coordenador do movimento estudantil Javu (Juventude Ativa
Venezuela Unida), Ulises Rojas, afirmou membros do governo “são uns
irresponsáveis”. “Agora difundem um vídeo no qual supostamente nós aparecemos
organizando um golpe de Estado com membros da CIA”, disse. Segundo ele, o
movimento espera instruções de Capriles para a realização de novas atividades
da oposição: “Não vamos afrouxar”, concluiu.
Em comunicado, no qual qualificam o governo como
“ilegítimo”, os integrantes do “Operação Soberania” respondem às acusações,
afirmando: “Nós não nos escondemos atrás da violência. Somos transparentes,
patriotas e firmes em nossas convicções”. No texto, o grupo pede que o governo
“resolva a grande dúvida que os venezuelanos têm sobre os resultados de 14 de
abril” e o fim do que consideram ser uma “perseguição aos estudantes”.
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