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Especialistas condenam processo de incineração de lixo

Por Redação, Folha de São Paulo
O processo de incineração de lixo não é uma unanimidade. Especialistas e entidades ambientalistas internacionais apontam várias ressalvas sobre a tecnologia, muito usada no exterior.
Existem problemas tanto ambientais quanto socioeconômicos, segundo estudos internacionais sobre o tema.
"Não dá para dizer que os impactos ambientais são nulos", diz Carlos Henrique Oliveira, arquiteto e consultor sobre resíduos sólidos do Instituto Pólis, de São Paulo.
Apesar de os vendedores da tecnologia dizerem que toda a usina é equipada com filtros, é muito difícil assegurar que não haverá poluição atmosférica, diz o consultor.
"O lixo no Brasil é muito úmido, ele tem baixo poder calorífico. Obter a queima ideal nesse processo é muito difícil", afirma Oliveira.
Estudos internacionais, compilados pela ONG Greenpeace, mostram que existe relação entre a queima do lixo e a detecção de alguns casos de câncer em moradores das imediações das usinas para resíduos sólidos.
Por isso, várias entidades rechaçam a incineração sob o argumento de que o processo industrial traz impactos negativos para a saúde.
AMBIENTE
Outro argumento é socioambiental, afirma o especialista do Instituto Pólis.
O ideal, diz Oliveira, dentro até da nova filosofia da política nacional de resíduos sólidos, é que as cidades tenham um plano completo que vise, antes de mais nada, reduzir a produção lixo e, depois, incentivar a coleta seletiva em todos os locais.
"Uma garrafa PET, por exemplo, tem cinco ciclos de uso. Na incineração, isso será perdido [pois apenas um ciclo será completado]."
Nesse cenário, as cooperativas de catadores, por exemplo, devem ser prejudicadas.
A Cetesb, agência ambiental paulista, diz que, em princípio, projetos de usinas de queima de lixo podem ser aprovados pelo órgão, desde que as leis sejam cumpridas.

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