Por Eduardo Geraque, da Folha
Sem espaço para aterrar o lixo que produzem, Barueri e
Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, decidiram queimar o lixo coletado nas
ruas e deixaram em alerta especialistas ambientais.
As duas cidades serão as primeiras do país a adotar a
medida, que é polêmica.
Estudos internacionais apontam relação entre usinas de
queima de lixo e casos de câncer detectados em moradores de suas imediações.
As prefeituras alegam que seus projetos estão sendo
feitos de forma a evitar problemas ao ambiente e à saúde.
O plano mais adiantado e que deve ser concluído em três
anos é o de Barueri.
A cidade montou uma parceria com uma empresa que vai
importar uma tecnologia francesa. O grupo que venceu a licitação será
responsável pela usina por 30 anos.
A construção da planta de incineração deve custar por
volta de R$ 160 milhões --e mais R$ 44,6 milhões por ano para a usina
funcionar.
"É a melhor solução possível. Não existe mais
espaço para aterros. Hoje, gastamos muito com transporte de lixo. Os caminhões
percorrem 30 quilômetros até o destino", diz Francisco Pugliesi, diretor
de limpeza urbana da Prefeitura de Barueri.
Estimativa da prefeitura aponta para a redução de 90%
do volume de lixo que vai para o aterro.
O projeto da usina, que vai queimar o lixo a 800º C,
ganhou o primeiro aval da Cetesb, a agência ambiental paulista, no fim de 2012.
Segundo Pugliesi, a usina é fechada e os gases da
incineração do lixo estão dentro dos padrões considerados seguros pelos órgãos
ambientais.
A energia gerada com a queima do lixo deve produzir
também parte da eletricidade consumida em Barueri.
PARCERIA
Também na Grande São Paulo, Mogi das Cruzes e mais
cinco municípios (Salesópolis, Biritiba-Mirim, Guararema, Arujá e Suzano)
montaram um projeto conjunto com características gerais semelhantes ao de
Barueri.
"Nós temos um acordo inicial com a Sabesp. Ela
está interessada em fazer uma usina de pirólise [tratamento de lixo com fogo]
na região", afirma Marco Bertaiolli (PSD), prefeito de Mogi das Cruzes.
Para ele, o consórcio entre os seis municípios é a
única saída para viabilizar o destino final de pelo menos 500 toneladas de lixo
por dia.
"Mesmo que a Sabesp saia do acordo, o consórcio de
municípios vai tocar a construção da usina", diz.
Bertaiolli afirma que não há mais lugar para a
construção de aterros na região.
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