Por Carolina
Gonçalves, Repórter da Agência Brasil
Mais da metade da população mundial ainda não têm água
de qualidade em casa
Brasília – Ainda que quase 200 países tenham se
comprometido a reduzir pela metade, até 2015, o número de pessoas sem acesso
sustentável à água potável segura (Objetivo de Desenvolvimento do Milênio 7), o
recurso ainda está limitado no mundo.
No último Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o
Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, divulgado pela ONU-Água, os
representantes de 28 organizações das Nações Unidas que integram o órgão
alertaram que entre 3 bilhões e 4 bilhões de pessoas ainda não têm água encanada
de qualidade confiável em seus lares. Nesta sexta-feira (22), comemora-se o Dia
Mundial da Água.
O documento, divulgado a cada três anos, mostra uma
série de pressões sobre o recurso hídrico no planeta. Entre os exemplos figuram
a má gestão da água pelos governos e as pressões naturais, produzidas, entre
outras causas, pelas mudanças do clima e pelo aumento da população. A expansão
demográfica é um dos fatores que impulsionam a demanda por energia, mais água
tratada e saneamento no mundo.
Estimativas internacionais apontam que a população
mundial aumente em 2,3 bilhões de pessoas até 2050, passando dos 6,8 bilhões de
habitantes registrados em 2009 para 9,1 bilhões. O crescimento deve ser
praticamente todo absorvido nos centros urbanos, em decorrência da migração de
pessoas que atualmente vivem nas zonas rurais. E é nas cidades que a pressão
pelo acesso à água potável e ao saneamento ainda mantém números mais positivos
(94% das pessoas têm fontes melhoradas do recurso).
De acordo com o relatório, menos de 90% da população
mundial tem acesso a água por meio de fontes melhoradas. A maior parte dessas
pessoas está nos grandes centros urbanos.
Na zona rural, apenas 76% da população podem contar com
essas fontes adequadas de recursos hídricos. Apesar de ainda “mais bem
servida”, a área urbana abriga o desafio constante de manter os níveis de
atendimento da população em crescimento.
“Se os esforços continuarem no ritmo atual, os
aprimoramentos nas instalações da cobertura de saneamento básico aumentarão em
apenas 2 pontos percentuais, de 80% em 2004 para 82% em 2015”, mostra o
relatório.
A estimativa é tímida diante do cenário de deterioração
na cobertura de água e do saneamento registrado entre 2000 e 2008, quando o
número de pessoas sem acesso às instalações básicas nas cidades aumentou 20%.
“O fornecimento de água e de saneamento tem uma
prioridade baixa em muitos países em desenvolvimento, nos quais os
investimentos em saúde e em educação são frequentemente priorizados”, avaliaram
os pesquisadores. De acordo com o relatório, os investimentos em saneamento
básico e no acesso à água potável vem se reduzindo, enquanto os custos com
saúde aumentam nos mesmos países.
Na América Latina e Caribe, onde vivem 581 milhões de
pessoas (metade delas no Brasil e no México), os índices de pobreza têm se
reduzido continuamente nos últimos 20 anos, mas 30% da população (177 milhões)
ainda vivem em situação de pobreza ou de extrema pobreza – condições econômicas
nas quais o problema da água tratada e dos esgotos é ainda mais agravado.
Dados do Ministério das Cidades mostram que no país a
distribuição de água não alcança 81,1% da população e apenas 46,2% dos
brasileiros têm saneamento básico. Do total do esgoto gerado no país, apenas
37,9% recebem algum tipo de tratamento. Com os investimentos feitos nos últimos
anos as ligações foram ampliadas em 2,2 milhões de ramais de água e 2,4 milhões
de ramais de esgotos.
O governo tem defendido que a cada R$ 1 investido em
saneamento é gerada uma economia de R$ 4 na área de saúde, mas o Brasil se
mantinha na nona posição no ranking mundial “da vergonha”, com 13 milhões de
habitantes sem acesso a banheiro, segundo estudo divulgado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) em 2010.
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