Por Altamiro Borges
O Ministério Público
Estadual encaminhou ontem (5) o pedido de condenação de 72 pessoas – a maioria
estudantes – que participaram da ocupação da reitoria da Universidade de São
Paulo em novembro de 2011. Os jovens, que se rebelaram contra a postura
fascistóide do reitor da USP, foram denunciados por cinco crimes: formação de
quadrilha, posse de explosivos, dano ao patrimônio público, desobediência e
crime ambiental por pichação. Somados, os crimes podem render penas de até sete
anos de prisão.
A decisão do MPE
representa um duro golpe à luta estudantil e confirma as suspeitas de que o
órgão é controlado e serve aos intentos repressivos dos tucanos paulistas. A
ocupação da USP foi um protesto contra a presença da PM no campus. Ela ocorreu
três dias após a polícia deter três alunos da Faculdade de Geografia num
estacionamento da universidade. A desocupação, feita pela Tropa de Choque da
PM, teve requintes de truculência e selvageria – conforme atestam vários vídeos
postados na internet.
Reproduzo abaixo nota
divulgada hoje pela União da Juventude Socialista (UJS) contra a acusação do
MPE e em apoio aos perseguidos:
*****
O Ministério Público de
São Paulo encaminhou ao poder judiciário um pedido de condenação de 72
estudantes da Universidade de São Paulo. Entre os crimes, consta a acusação de
formação de quadrilha.
Para a União da
Juventude Socialista as manifestações que ocorreram na USP são totalmente
legítimas, pois, a inserção da policia militar no campus da universidade,
embora tenha o argumento da segurança como sua justificativa, na verdade tem
servido para reprimir o movimento estudantil e a luta sindical, diversos
servidores enfrentam processos por exercerem o livre direito de associação
sindical e social.
O MP de São Paulo abre
um precedente perigoso contra a democracia brasileira, ou não foram assim os
processos da ditadura militar contra toda a luta sindical e estudantil? Um dos
maiores exemplos foi o movimento grevista do ABC ou a expulsão de dezenas de
estudantes, seguido de torturas e mortes.
A mesma justiça que quer
condenar os estudantes da USP por ocupar a reitoria é a mesma justiça que não
condenou a Rede Globo de televisão por ocupar e cercar um terreno do Estado
durante 11 anos (veja denúncia de ocupação ilegal de terreno público pela Rede
Globo), ou que promoveu o massacre do Pinheirinho.
É por este motivo que a
União da Juventude Socialista tem a certeza que a denuncia do Ministério
Público de São Paulo não passa de mais uma tentativa de calar o movimento
estudantil. Solidarizamos-nos com todos os 72 estudantes indiciados pelo MP e
estaremos lado a lado na defesa da liberdade de expressão e de manifestação,
assegurada pela constituição cidadã de 1988.
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