Pular para o conteúdo principal

Pré-sal e o pacto federativo brasileiro

Uma boa análise de Luis Nassif. É interessante observar que as universidade tem um papel importante nesse esforço de desenvolvimento. Contribuimos com aquilo que é nossa competência, trainamento, capacitação, estudos, pesquisas, etc... O importante é focar nos objetivos e construir um ambiente colaborativo e de cooperação.


Enviado por luisnassif, sex, 26/08/2011 - 08:00
Coluna Econômica


O atendimento das demandas criadas pelo pré-sal são exemplo acabado da maturidade política do país.


Em um primeiro nível, tem havido plena colaboração entre o governo federal e o do estado de São Paulo.


Após a entrada de Geraldo Alckmin no governo, foi feito um levantamento dos investimentos prometidos e dos efetivados para as regiões metropolitanas – Baixada Santista, ABC e Campinas. Constatou-se que a proporção era vergonhosa: apenas planos e maquetes que não saíam do papel. O governo Serra não efetivou nenhum projeto relevante, da ponte Santos-Guarujá à licitação dos VLTs (Veículos Leves Sobre Trilhos). Também não abriu nenhum canal de negociação com prefeitos.


O absurdo maior foi constatar que todos os especialistas consultados descartaram a ideia da ponte – cuja maquete havia sido "inaugurada" por Serra na campanha -, considerando o túnel solução muito mais completa.


Foi criada uma Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico, entregue ao deputado Edson Aparecido, covista histórico.


***


Descendo um degrau, as prefeituras da região se reuniram em um consórcio no qual o que menos importa é o partido do prefeito. O mesmo bom senso exibido em recente encontro de Dilma Rousseff, Geraldo Alckmin e Antônio Anastasia refletiu-se nos trabalhos dos prefeitos, na interação com o estado e do estado com o governo federal.


Para completar o quadro, assim como ocorre em Pernambuco, a Petrobras ajudou a trazer para metodologias de planejamento estratégico que estão ajudando a estruturar os planejamentos municipais e os planos integrados da região.


***


Outra lição importante é a maneira como os gargalos estão sendo enfrentados.


Há uma visão vesga dos gargalos por parte dos cabeças de planilha. Consideram que a existência de gargalos deve servir de argumento para segurar a economia – seja através da elevação de juros ou de apertos fiscais. Ora, os gargalos são o pontapé inicial para os investimentos. Significam demanda reprimida, condição necessária para deflagrar processos de investimento.


A descrição dos planos de cada prefeito, e dos representantes da iniciativa privada, durante o evento Santos Export 2011 – promovido pelo jornal A Tribuna – é exemplo de como se iniciam esses processos.


Cada prefeitura está tratando de montar seus Parques Tecnológicos, investindo em treinamento da mão-de-obra, cobrando contrapartidas das empresas envolvidas com o pré-sal.


***


Por seu turno, as próprias empresas do porto se incumbem de ministrar cursos. Além disso estão sendo montados convênios com universidades, escolas técnicas. As demandas políticas tornam-se muito mais focadas em cima de obras essenciais, assim como os investimentos previstos no Plano Plurianual do estado.


***


No ano passado fiz duas afirmações que se mostraram corretas.


A primeira, a de que as eleições do ano passado foram cruciais para a consolidação da democracia brasileira. Se o clima de ódio tivesse vencido, haveria um retrocesso de décadas.


A segunda, é que, superado o obstáculo Serra, os novos governadores eleitos e a presidente consolidariam o verdadeiro pacto federativo brasileiro, no qual a colaboração e as consultas recíprocas são o ponto central.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O mundo como fábula, como perversidade e como possibilidade: Introdução geral do livro "Por uma outra globalização" de Milton Santos

Por Milton Santos Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido. Haveria nisto um paradoxo pedindo uma explicação? De um lado, é abusivamente mencionado o extraordinário progresso das ciências e das técnicas, das quais um dos frutos são os novos materiais artificiais que autorizam a precisão e a intencionalidade. De outro lado, há, também, referência obrigatória à aceleração contemporânea e todas as vertigens que cria, a começar pela própria velocidade. Todos esses, porém, são dados de um mun­do físico fabricado pelo homem, cuja utilização, aliás, permite que o mundo se torne esse mundo confuso e confusamente percebido. Explicações mecanicistas são, todavia, insuficientes. É a maneira como, sobre essa base material, se produz a história humana que é a verdadeira responsável pela criação da torre de babel em que vive a nossa era globalizada. Quando tudo permite imaginar que se tornou possível a criação de um mundo veraz, o que é imposto aos espíritos é um mundo de fabulações, q...

Preços de combustíveis: apenas uma pequena peça da destruição setorial

Por José Sérgio Gabrielli Será que o presidente Bolsonaro resolveu dar uma reviravolta na sua política privatista e voltada para o mercado, intervindo na direção da Petrobras, demitindo seu presidente, muito ligado ao Ministro Guedes e defensor de uma política de mercado para privatização acelerada e preços internacionais instantâneos na companhia? Ninguém sabe, mas que a demissão do Castello Branco não é uma coisa trivial, com certeza não é. A ação de Bolsonaro, na prática, questiona alguns princípios fundamentais da ideologia ultraneoliberal que vinha seguindo, como o respeito à governança das empresas com ações negociadas nas bolsas, a primazia do privado sobre o estatal e o abandono de intervenções governamentais em assuntos diretamente produtivos. Tirar o presidente da Petrobras, por discordar da política de preços, ameaça o programa de privatizações, pois afasta potenciais compradores de refinarias e tem um enorme efeito sobre o comportamento especulativo com as ações da Petrob...

Brasil perde um dos seus mais importantes cientistas sociais

Por Ricardo Cavalcanti-Schiel Faleceu por volta das 21:30 do dia 26 de março de 213, vítima de um acidente de trânsito no Km 92 da Rodovia Bandeirantes, o diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, Prof. Dr. John Manuel Monteiro, quando regressava da universidade para sua residência em São Paulo. Historiador e antropólogo, John Monteiro foi um pioneiro na construção do campo temático da história indígena no Brasil, não apenas produzindo uma obra analítica densa e relevante, como também criando e estimulando a abertura de espaços institucionais e de interlocução acadêmica sobre o tema. Não seria exagerado dizer que foi em larga medida por conta do seu esforço dedicado que esse campo de estudos foi um dos que mais cresceu no âmbitos das ciências humanas no país desde a publicação do seu já clássico “Negros da Terra: Índios e Bandeirantes nas Origens de São Paulo” (1994) até o momento. Tendo tido toda sua formação acadêmica nos Estados Unidos (graduado pelo Col...