Por Deutsche Welle
Imagine um computador
dobrável que pode ser levado no bolso. Com o grafeno, isso pode se tornar
possível.
Pense num computador
dobrável que pode ser levado na bolsa ou na carteira, ou num iPod que cai no
chão e não quebra. O grafeno, um composto de átomos de carbono considerado a
matéria-prima do século, promete viabilizar essas possibilidades e provocar uma
revolução tecnológica. Em breve, o Brasil poderá produzir o material. Uma
parceria entre a Universidade Presbiteriana Mackenzie e a Universidade Nacional
de Cingapura vai favorecer a troca de conhecimento e a instalação de uma
unidade de pesquisa no país. O primeiro centro de estudos de grafeno no Brasil
deve estar concluído em maio do próximo ano.
"Estamos numa
corrida acelerada em busca de aplicações para o grafeno. Ele realmente
apresenta propriedades altamente diferenciadas", conta o professor que vai
coordenar o centro Mackgrafe, Eunézio Antonio Thoroh de Souza. "Esse
interesse no grafeno advém do fato de o material ter demonstrado resultados
surpreendentes. Certamente em breve já teremos produtos no mercado à base de
grafeno", vislumbra.
Para o professor, em
algumas áreas, o grafeno poderá substituir tecnologias antigas. Mas a principal
aposta é outra: "Ele poderá revolucionar a relação entre máquina e ser
humano", acredita.
A resistência, a
maleabilidade e a capacidade de produzir energia fazem do grafeno um elemento
com potencial transformador. Na avaliação do professor Ph.D. em Física, Antonio
Hélio de Castro Neto, diretor de um dos mais importantes centro de pesquisas de
grafeno do mundo, o Centro de Pesquisas de Grafeno da Universidade Nacional de
Cingapura, o material pode trazer uma nova geração de produtos eletrônicos
transparentes, flexíveis, super finos, leves, e ao mesmo tempo resistentes e
com baixo consumo de energia. Além disso, ele lembra que o grafeno é versátil,
tem potencial de uso na medicina, aeronáutica e indústria automotiva. "É
um material que está abrindo muitas áreas de exploração comercial."
Sobre o grafeno
O grafeno foi descoberto
na Inglaterra no final de 2004. Dois pesquisadores russos, Andre Geim e
Konstantin Novoselov, da Universidade de Manchester, descreveram o processo
para a obtenção do material, a partir da esfoliação do cristal de grafite. Com
a descoberta, a dupla recebeu o Prêmio Nobel da Física em 2010.
Neto define o grafeno
como "um cristal de carbono em duas dimensões, isto é, tem a espessura de
um átomo. Apesar de ser o material mais fino do universo, o grafeno tem
propriedades elétricas e estruturais extraordinárias". O professor explica
que o grafeno é capaz de conduzir eletricidade melhor que o cobre ou o silício,
é mais forte e conduz calor melhor que o diamante. "Ao mesmo tempo é
maleável como uma membrana de plástico, extremamente fina. Por essas
características, é considerado o material de escolha para a nova geração de
displays e dispositivos eletrônicos e optoeletrônicos", explica o
professor.
Novas perspectivas
O grafeno vem sendo
considerado o "elemento do futuro" por muitos especialistas. No
entanto, o professor Antonio Castro Neto tem uma opinião diferente: "O
grafeno é a substância do presente". Ele conta que o mundo inteiro
investiga aplicações industriais para o grafeno. A União Europeia aprovou um
programa de 1 bilhão de euros em dez anos para o estudo industrial do grafeno.
"A Coreia do Sul já investiu perto de 0,5 bilhão de dólares, o Reino
Unido, perto de 200 milhões de dólares, os Estados Unidos, mais ou menos isso,
Cingapura já investiu mais de 100 milhões de dólares", conta o professor.
"Quem não investir no grafeno agora vai ficar a ver navios no futuro, isto
é, vai ter que pagar royalties pela tecnologia que o grafeno vai gerar."
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